Rumo ao Carbono Neutro, MS reforça políticas públicas, amplia parcerias privadas e atrai investimentos robustos

  • Publicado em 28 nov 2025 • por Rosana Siqueira •

  • Mato Grosso do Sul vive sua transição rumo à neutralidade de carbono, com base em políticas públicas, parcerias privadas e atração de investimentos robustos. Descarbonização, políticas de inclusão social e as ações de transição energética do Governo de MS, sustentam esta estratégia e foram destacadas ontem (27) pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) Jaime Verruck, durante sua participação em painel no Encontro Anual da Atvos: Parceiros Mais Fortes, na Capital. O evento teve o objetivo de criar um momento para fortalecer o relacionamento da Atvos com seus parceiros de terra e fornecedores de cana.

    Nos últimos dois anos, a Atvos intensificou seus aportes em Mato Grosso do Sul. Desde o ano passado, a empresa está investindo  R$ 350 milhões na construção da sua primeira planta de biometano no Estado, na usina Santa Luzia, em Nova Alvorada do Sul. A unidade terá capacidade instalada de 28 milhões de metros cúbicos de biometano por safra e utilizará resíduos da cana-de-açúcar.

    Neste ano, a Atvos anunciou um pacote adicional de investimentos de R$ 2,36 bilhões para a instalação de três plantas industriais em MS: a de biometano e mais duas usinas de etanol de milho. A previsão é que cada usina de etanol de milho processe cerca de 534 mil toneladas de milho por safra e produza aproximadamente 250 milhões de litros de etanol de milho — projetos em fase de estudo de engenharia.
    Desde 2023, a Atvos já havia anunciado um plano de investimentos de cerca de R$ 3 bilhões para os próximos três anos no Estado, abrangendo ampliação agrícola, modernização industrial e expansão da base produtiva. Parte desse volume — cerca de R$ 1 bilhão — está sendo direcionada para a modernização da linha de produção e ao aumento da produtividade da cana de açúcar.

    Atualmente, a Atvos mantém três polos de produção em MS — a Santa Luzia, a Unidade Eldorado (Rio Brilhante) e a Unidade Costa Rica (no município homônimo) — empregando diretamente cerca de 4 mil pessoas no Estado.

    “A Atvos, reconhecida no estado, possui unidades em Nova Alvorada, Rio Brilhante e Costa Rica. A empresa apresentou ao governo estadual sua adesão à rota do biometano, investindo na transformação de sua frota e contribuindo diretamente para a descarbonização. Além disso, a Atvos anunciou a entrada no mercado de etanol de milho, que será produzido em suas unidades de Nova Alvorada e Costa Rica, somando-se à produção de etanol de cana. Desta forma, a empresa se consolida como produtora de energia, etanol e biometano no Estado”, destacou durante sua participação no evento.

    Verruck, ressaltou o papel estratégico do Estado de Mato Grosso do Sul numa transição rumo à neutralidade de carbono, com base em políticas públicas, parcerias privadas e atração de investimentos robustos.

    “Em um período de três anos, conseguimos reintegrar ao processo produtivo cinco milhões de hectares de pastagens degradadas, destinando-as ao cultivo de eucalipto, soja e milho — uma iniciativa que não só otimiza a produção remanescente, mas também contribui de forma expressiva para a redução das emissões de metano.” A ação, conforme destacou Verruck, equivale ao impacto de dois milhões de hectares de pastagem.

    Além disso, o Estado avançou no desenvolvimento de uma vertente de mercado de carbono, com a mobilização do mecanismo REDD+ Jurisdicional. “Recentemente divulgamos nossos avanços no combate ao desmatamento e fomos habilitados para 85 milhões de toneladas de CO₂ equivalente”, disse. O edital para comercialização desses créditos será lançado em janeiro, com grande expectativa de investidores internacionais, em especial fundos árabes.

    Verruck também citou iniciativas privadas apoiadas pelo Estado, como a primeira certificação de crédito de carbono do Pantanal — já adquirida pela Singapore Airlines — e a certificação pioneira de crédito de carbono de uma universidade.

    No âmbito do saneamento básico e da logística reversa, o secretário enfatizou que o MS busca a universalização do saneamento em três anos. Em logística reversa, o Estado já alcança a coleta de cerca de 13 quilos por habitante, sendo líder nacional no setor, com praticamente todas as empresas atuando sob a normativa estadual.

    Sobre a meta de declarar o Estado como carbono neutro, Verruck reconheceu que, embora o prazo 2030 se aproxime, a restauração florestal e outras medidas de descarbonização estão em curso, com adesão crescente de empresas. “Talvez a concretização plena só ocorra em 2031 ou 2032 — mas o importante é que estabelecemos um propósito claro, legítimo e duradouro”, afirmou.

    Integração entre sustentabilidade, logística e políticas sociais

    Durante sua fala, Jaime Verruck enfatizou que o foco de Mato Grosso do Sul vai além da produção energética: trata-se de construir um “ambiente de negócios” baseado em confiança, transparência e compromisso socioambiental. Ele destacou que os investimentos em bioenergia, biometano e etanol de milho fazem parte de uma estratégia de longo prazo — com o olhar voltado para a competitividade global, a transição energética e a valorização de cadeias sustentáveis.

    Além disso, reiterou a importância de garantir que o crescimento impulsionado pelo setor privado não gere sobrecarga nos serviços públicos — especialmente saúde, segurança e infraestrutura — nas regiões onde há concentração de empreendimentos. A política habitacional para trabalhadores, a plataforma de emprego “MS Qualifica” e a valorização da escolaridade e qualificação profissional foram citadas como eixos fundamentais para a inclusão social e a redução da rotatividade.

    Verruck concluiu afirmando que, mesmo se as metas formais de prazo forem estendidas o que permanece essencial é o propósito: consolidar o Estado como referência nacional em sustentabilidade, energia renovável e desenvolvimento duradouro, contribuindo com a geração de valor para toda a cadeia produtiva, para os produtores, as empresas e a sociedade como um todo.

    Rosana Siqueira, da Semadesc

    Fotos – Mairinco de Pauda

    Categorias :

    Ação Estratégica, BIOENERGIA, BIOMETANO, CARBONO NEUTRO, ENERGIA RENOVÁVEL, ESTADO CARBONO NEUTRO, ETANOL, ETANOL DE MILHO

    Veja Também