Campo Grande (MS) – Fazendas funcionando como fábricas, com controles exatos e adaptações às alterações climáticas; gestão por metro quadrado da área cultivada e imageamento aéreo com uso de drones e outros tipos de tecnologia. As descrições, que há pouco tempo poderiam ser consideradas ficção, já são realidade no campo brasileiro e são um dos indicativos do quanto o setor rural se respalda na tecnologia para manter os índices de crescimento.
O panorama de presente-futuro foi apresentado pelo secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica (Segov), Eduardo Riedel, em palestra realizada na noite desta segunda-feira (24), na Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul). Riedel proferiu a palestra principal do evento com o tema “A juventude e o protagonismo na liderança do agronegócio”, durante o III Encontro de Jovens da Agropecuária, um evento promovido pelo Movimento Nacional de Produtores (MNP Jovem).
Formada basicamente por jovens – como não poderia deixar de ser – a plateia se mostrou atenta ao panorama apresentado pelo secretário, que iniciou trazendo dados da evolução da agropecuária nacional e encerrou traçando um panorama do que já é realidade no campo brasileiro. “Nosso sucesso depende do investimento massivo em gestão, gerenciamento e tecnologia”, contextualizou, trazendo exemplo pessoal na gestão da propriedade familiar.
Como panorama nacional, destacou que apesar da retração de 3,9% do PIB nacional ano passado, o crescimento de produção agropecuária – que pode ser descrito como o giro econômico ‘dentro da porteira’ – foi de 1,8%. O agronegócio responde atualmente por 46,2% das exportações brasileiras e representa 22,3% do PIB nacional. “Os estrangeiros que vêm ao Brasil ficam impressionados com modelos tais como os da integração”, disse, referindo-se ao cultivo consorciado de culturas, tais como o integração Lavoura, Pecuária e Floresta (iLPF), desenvolvido pela Embrapa.
Riedel mostrou que o País se mantém como maior produtor e exportador de café, açúcar e suco de laranja. É o segundo maior produtor e o maior exportador de soja em grãos e carne de frango. Na carne bovina, está em segundo tanto na produção como na exportação, posição alimentada pelo alto consumo interno do produto.
E como indicação do que está por vir citou realidades como a utilização de espaços não convencionais para produção de alimentos, como as chamadas fazendas verticais, que podem ser instaladas em espaços urbanos. Também citou o bife de células-tronco fabricado em laboratório, um investimento inicial de US$ 325 mil que já pode ser encontrado no mercado por US$ 12. “Vocês têm a capacidade transformadora. E a agropecuária precisa disso”, incentivou, destacando a necessidade dos jovens de atuarem na liderança.
Destacando o cenário de intensas modificações, que se reflete na mudança do País que em poucas décadas deixou de ser importador para ser exportador de alimentos, Riedel encerrou citando o engenheiro e economista germânico Klalus Schwab. “Neste novo mundo não é o peixe grande que come o peixe pequeno. É o peixe rápido que come o peixe lento”. E como incentivo, destacou a capacidade transformadora dos jovens. “Não desistam da possibilidade que cada um tem de mudar e transformar”, finalizou.
Rosane Amadori – Assessoria de Imprensa Segov.