Safra 2015/16 de cana-de-açúcar encerra com processamento 4,7% maior que anterior e deve iniciar nova temporada com boas perspectivas
A safra de cana-de-açúcar 2015/16 encerra com volume de processamento 4,7% maior em relação à temporada passada. De acordo com a Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar) no acumulado da temporada 2015/16, o centro-sul processou até o momento 596 milhões de toneladas da matéria-prima. Na primeira quinzena de janeiro o processamento alcançou 1,8 milhões de toneladas, ante 10,44 milhões na segunda quinzena de dezembro.
As perspectivas são positivas para o setor sucroenergético em 2016 que deve iniciar com preços melhores para o açúcar e margens remuneradoras no etanol.
De acordo com o diretor presidente da G7 Agrocommodities, João Oswaldo Baggio, o setor vem de um ano de dificuldades com preços depreciados para o etanol e açúcar. No entanto, as mudanças no cenário internacional indicam um cenário positivo para a safra 2016/17 que inicia em março.
“Com a retomada de preço do açúcar no mercado internacional e do etanol aqui dentro, acredito que no próximo ano vamos ultrapassar 600 milhões de toneladas, porque o setor busca há muito tempo uma projeção para moer 700 milhões de toneladas”, destaca Baggio.
Com a crise do setor, iniciada em 2008 quando o governo federal começou a controlar os preços dos combustíveis, 23% das usinas acabaram entrando em regime de recuperação judicial. No entanto, a recuperação nos preços dos combustíveis e do açúcar no mercado internacional traz novo fôlego aos produtores e indústrias.
O fenômeno climático, El Niño, alterou as condições do tempo em diversos países produtores, prejudicando a produção mundial. De acordo com Baggio, as projeções indicam um déficit de produção na ordem de 4 a 4,5 milhões de toneladas de açúcar. Com isso, os futuros do açúcar na Bolsa de Nova York voltaram a reagir desde setembro retomando o patamar de US$ 13,00 cents/lb.
Segundo Baggio, o cenário favorável deve colaboram para o retorno dos investimentos na produção já na próxima safra. “Analistas de banco, financeira que fazem aporte no setor, começam a ver com outros olhos, porque percebem a rentabilidade do voltando, então os ganhos com certeza serão revertidos em melhora no parque canavieiro”, acrescenta o diretor.
Etanol x Petróleo
No mercado internacional a queda nos preços do petróleo tem causando pânico nas bolsas de todo mundo, e no setor de combustível desencadeou uma queda nos preços da gasolina em diversos países.
Esse cenário é extremamente preocupante para a produção sucroalcooleira, no entanto, os reflexos no Brasil ainda não foram sentidos devido ao grande endividamento da Petrobrás que não consegue repassar a redução no preço da gasolina.
“O setor sucroenergético acompanha com muita apreensão essa queda no preço do petróleo, e temos ciência de que sem pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias não faremos frente ao petróleo a preços tão baixos”, alerta Baggio.