No mundo, 300 milhões de pessoas sofrem de doenças que atingem a tireoide; no Brasil, 15% da população. Especialista fala sobre as consequências do excesso e da falta de iodo
A médica Elisabete Fernandes Almeida, especializada em educação em saúde, lembra que a tireoide é uma glândula situada na base da garganta que produz, armazena e libera os hormônios tireoidianos T3 e T4 que, por sua vez, afetam quase todas as células do corpo ajudando a regular o metabolismo. “A tireoide é capaz de interferir no funcionamento de vários órgãos do corpo humano, entre eles, o coração, os rins e o intestino”, explica.
Para o bom funcionamento dessa glândula são necessárias algumas substâncias como o iodo e o cálcio. A falta de iodo na dieta pode causar o hipotireoidismo, síndrome clínica que resulta da deficiência dos hormônios tireoidianos e ocasiona redução dos processos metabólicos no organismo. A médica conta que quando o hipotireoidismo ocorre na infância, resulta na redução acentuada do crescimento e do desenvolvimento com consequências sérias como o retardo mental. Essa questão é tão importante que, desde 1950, os produtores de sal no Brasil são obrigados a enriquecer o produto com iodo, que também é obtido por meio da ingestão de alimentos como frutos do mar, castanhas, verduras e frutas.
Se antigamente a falta de iodo era comum, hoje, um estudo do Ministério da Saúde constatou que os brasileiros estão consumindo esse elemento em excesso, o que também prejudica o bom funcionamento da tireoide, causando o hipertireoidismo. Com isso, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária publicou uma nova resolução obrigando os fabricantes de sal a diminuírem a quantidade de iodo.
Nos últimos anos, é notável o aumento de casos de câncer de tireoide. Apesar dos métodos de diagnóstico terem avançado, alguns cientistas consideram que o iodo pode ser um dos fatores de risco para o aumento da incidência da doença. O câncer do tipo papilífero, que corresponde a 80% dos casos, parece ter relação com a ingestão excessiva de iodo.
Segundo a médica Elisabete Almeida, outras pesquisas são necessárias para comprovar essa relação. “Enquanto isso é melhor obter o iodo através de alimentos ricos no mineral em vez de abusar do sal. Invista nos peixes de água salgada, que também contêm ômega-3 e minerais como o selênio e o magnésio. Frutos do mar, abacaxi e vegetais verdes-escuros também têm boas quantidades desse nutriente”, afirma.
Revista Encontro, de Belo Horizonte