O encontro para troca de experiências dos integrantes da Associação Sulmatogrossense de criadores de ovinos (Asmaco) chegou a sua terceira edição comemorando importantes conquistas e apresentando o trabalho realizado na Fazenda Soberana, as margens da MS 040, de propriedade do produtor rural, empresário e presidente da Associação Brasileira de Dorper e White Dorper (ABCDorper), Paulo Franzine.
Baseada nas demandas observadas nos encontros que realizado nas propriedades, a secretaria da Asmaco, Ana Cristina Andrade Bezerra, deu inicio ao encontro, apresentando um breve relatório das ações da associação, começando por sua reunião com o Secretario de Produção e Agricultura Familiar do Estado, Dr. Fernando Lama, no meio da semana, a quem entregou um pedido formal de redução do ICMS para envio de animais para abate, fora do Estado, e a ampliação do incentivo para o abate dentro do Estado. Segundo ela o Secretario disse enxergar coerência nas solicitações e grande possibilidade de que o Governo do Estado atenda de pronto. Em seguida Ana fez um breve relatório apresentando os números de abate realizados através da associação desde 2013, quando teve inicio o trabalho com o ‘sistema de Propriedade de Descanso de Ovinos para Abate’ (PDOA). “Foram mais de 1.400 animais, de vários produtores, e todos, sem distinção, receberam o mesmo valor pelo quilo do animal vivo, diretamente em suas contas”. Contou. Em seguida realizou a apresentação de um modelo do programa para controle do rebanho e dos custos – que está sendo elaborado em parceira com a Embrapa, através do trabalho do engenheiro Agrônomo, Gelson Luís Dias Feijó; e prosseguiu comentando sobre o projeto de tosquia que caminha a passos largos junto a Embrapa, a inserção da Associação no sistema de e-comerce, a retomada das vendas junto a importantes redes do Estado, e a introdução de uma nova descrição nas embalagens de produtos da Asmaco, que com o apoio de um programa Governamental, o Proap, passa a conter nos dizeres: ‘carne produzida por associados da Asmaco/Proap’.
Antes do inicio da apresentação, a coordenadora Estadual do programa nacional de sanidade de caprinos e ovinos (PNSCO), Suzana Cometki Ortega, da Iagro, comentou rapidamente com os produtores que nos próximos dias será publicada uma portaria alterando as regras de trânsito dos animais e que outras novidades para facilitar a vida dos produtores também acontecerão a partir dessa publicação.
Na sequência teve inicio a apresentação, feita pelo administrador Custódio Junior, sobre as experiências e resultados da Fazenda Soberana, de propriedade de Paulo Franzine, onde nos 1.558 hectares abertos, são realizadas atividades de ovinocultura e bovinocultura de corte e ainda silvicultura.
Ao destacar as vantagens encontradas no Estado, vislumbradas por Paulo e sua equipe quando ainda na fase de pesquisa de um local para implantação do projeto, Custódio não economizou em elogios as potencialidades de Mato Grosso do Sul e fez questão de relatar que a escolha foi muito acertada.
Ele lembrou que a equipe deu ínicio ao projeto em 2013, com a pretensão de trabalhar apenas com bovinos, programando-se para ter de doze a quinze mil matrizes na propriedade, e o Paulo rendeu-se a ovinocultura ao perceber as experiências positivas de outros criadores, e em seguida abriu espaço para o projeto, pioneiro no Estado, de silvicultura consorciada com a criação de ovinos. Hoje, na propriedade, ele já executa as três atividades, tendo já plantados, cem hectares de árvores da espécie mogno africano e programação para incremento de cem hectares ao ano.
Na segunda parte do evento, a visita de campo, os participantes puderam conferir a plantação de mogno consorciada com pastagem e ouvir do empresário da Floreste Mudas, Eduardo Binotto, as novidades sobre essa atividade, a importância em fazer um planejamento, como foi o caso da Fazenda Soberana, para pelo menos 12 anos de investimentos e como esse sistema se faz interessante ainda para a recuperação do solo.
Segundo Paulo, o diferencial do projeto da fazenda está na execução do consórcio no fato de eles enxergarem a ovinocultura como uma fonte de renda e não apenas uma atividade secundária na propriedade. “O que estamos trazendo é um olhar mais comercial para a atividade. A ovinocultura é inclusiva, ela agrega, e pode ser muito lucrativa.” Completa.
Sobre suas impressões e sentimento em relação ao Governo do Estado, que hora inicia sob o comando de um produtor rural, Paulo comenta que a principio ate considerou que o tratamento fosse por conta das possibilidades que ele apresentava em termos de investimentos para o Estado “Eu que convivo muito no meio politico, no Estado de São Paulo, venho pra cá e fico deslumbrado com a forma como somos recebidos (…) A gente percebe que em todas as ações que vai fazer com o Governo [do Estado] ao contrário do que eu conheço de politica ninguém quer soltar rojão, todos querem fazer, auxiliar para que tenhamos resultado, oferecendo as ferramentas do Estado, apresentando-se como facilitadores no caminhos da burocracia.” Comentou, observando que não encontrou no Governo qualquer pessoa que lhe tivesse atitudes de má vontade. “Fiz uma visita ao Secretario Dr. Fernando Lamas, durante a semana, onde ao apresentar uma ideia de um frigorifico itinerante já fui instigado a trazer o projeto para que pudessem sentar e discutir”. Completou dizendo ter a sensação de que este Governo que ai está tem grande afinidade com o campo.
Importando Genética
A genética da raça Dorper, que no Estado não tem grande desenvoltura, será trazida para demonstrar a qualidade da produção e não do seu fenótipo, explica Paulo, que quer trabalhar a genética para o produtor de carne e não para quem quer trabalhar com ela. “Se alguém quiser fazer genética pode ate fazer aqui dentro da fazenda, não precisa gastar com estrutura” provoca, deixando clara sua despreocupação com a concorrência e o foco na descentralização dos seus negócios em São Paulo, com investimentos a médio e longo prazo, em Mato Grosso do Sul.
A Asmaco
Paulo finalizou destacando a importância da organização através de uma associação, como acontece com a Asmaco, e o pioneirismo do projeto de PDOA, que ele classifica como sendo a solução para a ovinocultura no Brasil. “O PDOA é um projeto que serve de referência para o Brasil. Seu formato de execução passa credibilidade e demonstra respeito ao produtor, que mesmo contribuindo com três animais ou mais de cem, receberá o valor justo e igualitário pelo quilo comercializado no frigorifico”. Finalizou Paulo, que encerrou o evento oferecendo um almoço aos participantes entre os quais estavam produtores de outros municípios, o Presidente da Acrissul, Chico Maia, a presidente do Núcleo de Criadores de Girolando de Mato Grosso do Sul, Aurora Real e, Rubens Flávio Melo Correa, coordenador de pecuária da Sepaf.