Quando se fala em praga na soja, o percevejo é considerado uma das que mais prejudicam e atacam a cultura, pois o dano é direto no grão afetando a qualidade, o vigor e alterando o balanço de proteínas e óleos de semente. Segundo o pesquisador da Embrapa Soja, Samuel Roggia, o prejuízo ao produtor pode chegar de 10 a 20% na produção, caso não haja qualquer controle no campo. E o problema não termina na lavoura, a praga pode injetar uma toxina que causa fermentação da massa de grãos dentro do armazém. Será que estamos adotando as medidas corretas desta praga que ataca diretamente a produtividade do produtor?
Existem quatro pontos críticos que vêm dificultando o sucesso no manejo do percevejo na soja: alta população da praga na fase vegetativa, principalmente no final da fase vegetativa da cultura da soja quando o percevejo inicia a colonização; uso da tecnologia de aplicação inapropriada para o controle da praga X fase da cultura; estratégia de manejo deficiente seja pelo controle tardio quando a praga já está acima do nível de dano econômico ou pelo uso incorreto de inseticida; dificuldade no monitoramento (pano de batida) ou mesmo deficiência, causando aplicações tardias, com infestações acima do nível do controle.
Os percevejos são grupos de várias espécies de insetos sugadores que atacam diversas culturas como soja, milho, algodão e outras. Dentre os percevejos, os de maior importância pertencem à família pentatomidae que sugam os ramos, hastes e vagens em formação e os grãos, injetando toxinas e inoculando fungos que causam manchas, seguidos pelo percevejo castanho, que pertence à família cydnidae, que suga as raízes. Os percevejos pentatomídeos quando sugam os ramos e hastes provocam a retenção foliar e dificultam a colheita; quando se alimentam das vagens em formação, provocam vagens chochas e secas sem formação de grãos; e quando atingem diretamente os grãos provocam murchamento, má-formação e manchas, afetando a produtividade e a qualidade das sementes.
Além de identificar a presença de percevejos adultos nas lavouras é importante conhecer seu ciclo biológico, identificando também as posturas e as fases das ninfas (composta por cinco estádios ou instares) e entender seu comportamento no ambiente em que se encontra, seja ele lavouras cultivadas ou plantas hospedeiras (involuntárias ou silvestres), que muitas vezes são as principais fontes das infestações primárias das lavouras de interesse econômico.
Para ajudar o produtor na identificação do percevejo está o Manual de Identificação de Percevejos na Soja, escrito pelo pesquisador Paulo Saran, disponível no site da FMC.
Fonte: Manual de Identificação dos Percevejos na Soja
Mas cada fase do ataque do percevejo tem sua solução. Na dessecação, a praga não causa dano, mas está presente no ambiente em plantas invasoras, que servem como hospedeiros secundários, além de outras culturas como o milho e feijão, presentes em quase todas as regiões produtoras de soja. Nesta fase o objetivo principal é diminuir a sua população de adultos, em um momento que estão mais expostos. Desta forma, Roland recomenda a aplicação de inseticida Mustang, que possui um excelente efeito knockdown (rápido controle) nos percevejos e, somente em aplicações foliares, em outras pragas da cultura da soja como lagartas, tamanduá da soja e cascudinho-verde.
O percevejo inicia a sua colonização no final do ciclo vegetativo (Vn) quando ainda não causa dano, mas temos visto no campo uma população cada vez maior nesta fase. Neste momento, a principal praga normalmente é a lagarta, mas com o aumento da população de percevejos mais uma vez há a necessidade de diminuir a população de adultos. Portanto o produtor vem buscando otimizar os custos de produção mantendo os níveis populacionais de pragas abaixo do nível de dano econômico, protegendo o seu investimento. Por isso, soluções tecnológicas que tenham flexibilidade de uso e alta eficiência são vitais para o sucesso do manejo de pragas. Recomendo o uso do inseticida Hero que além do foco no manejo de lagartas de difícil controle como a fala medideira, seu diferencial também é a sua eficácia (knockdown) no manejo de percevejos nesta fase vegetativa e não desequilibra ácaros.
No estado reprodutivo é o momento onde o dano é direto na produtividade e na qualidade do grão ou na semente, causando maiores prejuízos para a cultura da soja. Além disso, com o aumento do ataque de lagartas, o produtor precisa de produtos com alta eficiência e que proporcionem o menor número de aplicações possíveis. Neste caso, indicamos o inseticida Talisman, que é eficaz contra percevejos nesta fase e tem maior permanência na folha e sistematicidade, proporcionando um maior período de controle.
É importante destacar que a presença de um engenheiro agrônomo é vital para a elaboração das estratégias de manejo e na identificação do percevejo, já que essa não é uma das tarefas mais fáceis.
Artigo de Adriano Roland, engenheiro agrônomo da FMC Agricultural Solutions