Publicado em 04 dez 2025 • por Marcelo Armôa, Assessoria de Comunicação da Semadesc •
Mato Grosso do Sul vai dar um novo salto logístico a partir de 2026 com a implantação do Terminal Multifuncional do PTP Group em Porto Murtinho, que prevê investimentos superiores a R$ 180 milhões e consolida o município como principal entroncamento hidroferroviário e rodoviário da fronteira sul-mato-grossense com o Paraguai. O empreendimento é resultado do trabalho de potencialização da infraestrutura e do desenvolvimento regional realizado pelo Governo do Estado. Na quarta-feira (3), o projeto, que já recebeu a licença de supressão vegetal e a licença de instalação emitidas pelo Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), foi apresentado ao governador Eduardo Riedel em reunião no gabinete,
O terminal será construído às margens do Rio Paraguai, no km 2.322, em uma área total de 352,5 hectares, com 9,9 hectares dedicados à fase inicial das operações. A estrutura foi planejada para atender três cadeias estratégicas: grãos, fertilizantes e carga geral. O plano logístico prevê capacidade de movimentação anual de 1,15 milhão de toneladas de grãos, 700 mil toneladas de fertilizantes e 1 milhão de toneladas de cargas diversas. O complexo contará com infraestrutura para expansão de silos, armazém de 20 mil toneladas e área offshore para atracação e operação de barcaças.
Segundo o secretário Jaime Verruck, da Semadesc, a implantação do terminal multifuncional marca uma nova etapa para o desenvolvimento logístico de Mato Grosso do Sul. Ele destacou que o PTP Group já atua ao longo da hidrovia do Paraguai com portos na Argentina, Uruguai e Paraguai, o que reforça a integração regional. “Estamos falando de um investimento que inicia obras no ano que vem e que, em um ano, já deve estar em operação. É o terceiro porto em implantação em Porto Murtinho, ampliando a capacidade da nossa hidrovia e conectando a produção sul-mato-grossense a mercados do Atlântico e do Pacífico”, afirmou.
O projeto executivo prevê execução físico-financeira distribuída em dez meses, com CAPEX total de R$ 181 milhões, incluindo obras civis, infraestrutura portuária e implantação dos sistemas de armazenagem e movimentação de cargas. A Licença Prévia do empreendimento já teve todo o estudo ambiental apresentado ao Imasul, e o processo segue em análise técnica.
Durante a reunião, também foi discutida a ampliação da cooperação internacional com a província de Entre Rios, na Argentina, onde o PTP Group mantém operação portuária. A intenção é fortalecer o corredor logístico entre Mato Grosso do Sul, portos argentinos e o hub de Nueva Palmira, no Uruguai, ampliando as rotas de exportação e criando alternativas de importação via hidrovia. Verruck ressaltou que essa integração também favorece o mercado boliviano, que tem aumentado sua utilização do Rio Paraguai.
O governador Eduardo Riedel propôs que os estados e províncias vizinhas criem um modelo de governança para a hidrovia similar ao desenvolvido na Rota Bioceânica. A ideia é instalar um fórum de governadores subnacionais para tratar conjuntamente de infraestrutura, regulação e expansão das operações ao longo do Rio Paraguai. Paralelamente, Brasil e Paraguai avançam nas tratativas finais para permitir que, já no próximo ano, seja lançada a primeira licitação hidroviária do trecho entre Corumbá e Porto Murtinho, medida considerada essencial para elevar a navegabilidade e garantir sustentabilidade ao corredor logístico.
Para o secretário Jaime Verruck, o conjunto das ações consolida Porto Murtinho em duas frentes estratégicas: como portal da Rota Bioceânica, que abrirá caminho direto ao Pacífico, e como principal porta de entrada e saída de mercadorias pela hidrovia. “Essa é a decisão que tomamos: não virar as costas para o Pacífico e também não virar as costas para o nosso ‘Mississippi’, o Rio Paraguai. A integração logística é a base do novo ciclo de desenvolvimento do Estado”, reforçou.
Marcelo Armôa, Semadesc