A mineração sul-mato-grossense tem buscado soluções para a cadeia de produção de um aço mais sustentável, viabilizando a redução significativa da emissão de gases de efeito estufa. Uma destas iniciativas é da J&F Mineração, controladora da MCR Mineração S.A, que processa a seco 80% da produção de minério de ferro na mina de Corumbá. A mineração a seco utiliza menores quantidades de água e, portanto, não gera rejeitos e dispensa a construção de barragens. Adicionalmente, devido às características únicas e intrínsecas de suas reservas, praticamente não existem perdas (geração de material estéril) durante as etapas de lavra e produção. Praticamente todo o material movimentado e retirado das reservas minerais vai se tornar produto final, resultando em considerável redução de impacto ao meio ambiente. “Adicionalmente, após a instalação de um sistema de filtragem no 2º semestre/2023, não haverá mais a necessidade de uso de barragem mesmo para os 20% da produção processada a úmido. Por fins, estudos em andamento tem como meta que 100% da produção passe a ser produzida a seco. Dessa forma, a operação tem impacto ambiental reduzido e oferece maior segurança a todas as partes envolvidas e ao meio ambiente”, salientou o engenheiro ambiental Rodrigo Dutra Amaral, Diretor de Sustentabilidade e Meio Ambiente da empresa.
No caso da J&F o principal produto é o granulado (lump) de minério de ferro, que devido ao seu alto teor de concentração de ferro é considerado um verdadeiro ‘natural pellet’ (uma comparação à pelota de minério de ferro, um material artificial produzido com finos de minério de ferro produzido normalmente através de concentração, aglomeração e queima). O granulado de minério de ferro da J&F trata-se de uma ótima alternativa eco eficiente para redução de emissão de gases de efeito estufa na produção de aço (uma liga de ferro e carbono).
Diferente dos demais tipos de fontes de ferro como matérias-primas para a siderurgia, o granulado de minério de ferro dispensa preparações ou beneficiamento de matérias-primas de ferro de alta qualidade para uso direto nos processos ou tecnologias de produção de aço ou ferro. Por esta razão, além do menor impacto ambiental na extração e processamento do minério na mina, quando o granulado da J&F é utilizado na rota de produção de aço através das tecnologias de alto forno e conversor de oxigênio permite redução das emissões de gases de efeito estufa na ordem de 70 kg de CO2 por tonelada de aço quando em substituição ao aglomerado sínter, e de 60 kg de CO2/t aço em substituição à pelota de minério de ferro.
Sustentabilidade
A mineração ainda possui outros projetos de educação ambiental junto as comunidades focando no uso responsável e eficiente dos recursos naturais atendendo a legislação e demais requisitos aplicáveis, além de buscar melhorias contínuas em saúde e segurança, condições de trabalho, gestão ambiental, relações trabalhistas e respeito aos direitos humanos.
O secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnbologia e Inovação, Jaime Verruck, destaca a importância de atitudes adotadas pela sustentabilidade no setor de mineração. “Isso demonstra que o Mato Grosso do Sul está no caminho certo. A sustentabilidade na produção de minérios é essencial para diminuir as emissões de CO2. Em 2016 demos início a uma série de ações com esse objetivo e, agora, após aderirmos às campanhas internacionais “Race to Zero” e “Under 2° Coalition” e com a assinatura do decreto, estamos devidamente alinhados com as iniciativas mundiais e levamos para a COP 26 o mais ousado compromisso de neutralização de gases de efeito estufa dentre os participantes no evento”, enfatizou.
Ele lembrou que MS é um estado minerador, e ao longo dos anos, o estado tem estimulado a prospecção e extração de novas áreas de minério ferro e manganes neste distrito mineral, tanto que o governo do Estado criou um programa de estímulo à exportação pela hidrovia Paraguai-Paraná para incentivar a construção de novos portos abrangendo a região de Ladário, Corumbá e Porto Esperança, para intensificar o escoamento da produção.
“Nós conseguimos também, nos últimos cinco anos, atrair novas empresas do setor mineral, e isso e muito bom , maior oferta de empregos, aumento da arrecadação da CFEM, que vão extrair e vender minérios para o Brasil e o mundo, e que também terão esta visão de praticar uma mineração sustentável, informou Eduardo Pereira, Coordenador de Mineração da Semadesc.