Campo Grande (MS) – Estudo elaborado por técnicos do CEMTEC/MS (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), órgão ligado à Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), aponta para a probabilidade de aumento de focos de calor no Estado nos meses de maio, junho e julho, em comparação com o verificado no mesmo período do ano passado, o que indica risco de intensificação das ocorrências de incêndios florestais, sobretudo no Pantanal. Os técnicos fizeram cruzamento de dados do CEMADEN (Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais), Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), também do Monitor de Secas da Agência Nacional de Águas e do próprio governo do Estado.
Com essas informações, o governo do Estado, por meio da Semagro, do Corpo de Bombeiros e sob a coordenação da Defesa Civil, já se mobiliza visando a adoção de medidas preventivas para evitar que uma calamidade nas proporções registradas há dois anos se repita. Entre as medidas que podem ser antecipadas está o Plano de Contingenciamento da Defesa Civil, prevendo os recursos financeiros e humanos necessários para fazer o enfrentamento da situação. Outra decisão já tomada é a suspensão das autorizações para queimadas controladas pelo Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul).
“Já conversei com o André [Borges, presidente do Imasul] e na próxima semana sai a suspensão das queimadas controladas. Importante também que os proprietários rurais do Pantanal, sobretudo, façam aceiros em conjunto com os vizinhos para impedir que eventual incêndio se alastre e saia do controle”, destacou o secretário da Semagro, Jaime Verruck.
Monitor de Secas
A combinação de condições climáticas desfavoráveis (pouca chuva, alta temperatura e baixa umidade do ar) tornam a situação nesse ano propícia para o aumento de focos de incêndios, o que exige adoção de medidas preventivas. No mês de abril, o Monitor de Secas mostrou que a maioria dos municípios sul-mato-grossenses se enquadrava nas condições de seca extrema (17) e grave (28). Os demais (34) estão em condição de seca moderada. As regiões mais críticas continuam sendo Leste e Nordeste e no Pantanal. Em março, 17 municípios apresentaram condições de seca extrema, 47 de seca grave e 15 de seca moderada.
Outro indicador que aponta para o agravamento da situação é a quantidade de focos de calor verificados entre 1º de janeiro a 26 de maio deste ano (241), contra 193 registrados no mesmo período do ano passado, isso apenas na região do Pantanal sul-mato-grossense.
O foco de calor não é, necessariamente, a presença de um incêndio, explica o coronel Waldemir Moreira Júnior, assessor bombeiro militar da Semagro. O satélite identifica uma superfície aquecida que pode ser fogo ou pode ser qualquer outro ponto com emissão de calor. Os técnicos do Centro de Proteção Ambiental (CPA) do Corpo de Bombeiros cruzam essas informações com imagens de satélite para descartar o que não fogo, o que é queimada controlada e o que é, de fato, incêndio.
Prevenção
Atento ao problema, o governo do Estado tem tomado medidas preventivas e de enfrentamento aos incêndios florestais. Já investiu mais de R$ 70 milhões em equipamentos e veículos para o Corpo de Bombeiros, incluindo a compra de duas aeronaves, uma já entregue e a outra deve ter a licitação concluída até outubro, afirmou o coronel Moreira Júnior. Ainda em março, o governo do Estado acompanhou o governo federal e decretou Emergência Ambiental em todo território sul-mato-grossense válida de maio até dezembro.
Na área preventiva, destaca-se o PEMIF (Plano Estadual de Manejo Integrado do Fogo), com a proposta de estimular o uso do “fogo bom” para evitar que a situação fuja do controle e se transforme em grandes incêndios florestais. O PEMIF é coordenado pelo CICOE (Comando Integrado de Coordenação Estadual); há ainda uma Sala de Situação de Informações sobre Fogo localizada no Centro de Proteção Ambiental (CPA) e o Comitê do Fogo, que tem a participação de todos os organismos públicos e entidades da sociedade civis envolvidas no combate e prevenção a incêndios. O Estado firmou parcerias com a Biosul, Reflore, PrevFogo, SOS Pantanal e outras entidades para apoiar as ações do Corpo de Bombeiros.
Essa parceria resultou em outras iniciativas, como a formação de brigadas particulares envolvendo funcionários de fazendas, envolvendo o Ministério de Agricultura e Pecuária, Sebrae e Corpo de Bombeiros. Também se destaca o sistema “Pantanal em Alerta”, parceria do Corpo de Bombeiros com o Ministério Público de Mato Grosso do Sul que visa auxiliar os proprietários rurais, brigadistas, autoridades públicas e a toda sociedade na prevenção e combate aos incêndios florestais no bioma Pantanal; e o Programa Viva Pantanal, da Famasul (Federação de Agricultura de Mato Grosso do Sul) com apoio do governo do Estado, que tem como objetivo desenvolver ações integradas aliando o conhecimento empírico de produtores e trabalhadores às metodologias difundidas por órgãos técnicos.