A audiência pública foi realizada na Comissão da Agricultura (CRA), nesta quinta-feira, 12 de novembro, no Senado, em Brasília (DF). A audiência foi um pedido do senador mato-grossense Blairo Maggi.
Conforme o presidente da Associação dos Criadores de Mato Grosso (Acrimat), José João Bernardes, Mato Grosso teve a oportunidade de levar para os parlamentares os problemas enfrentados pelos seus pecuaristas, problemas estes que se assemelham aos enfrentados pelos demais estados.
“Não se trata necessariamente da abertura de um debate inicial, mas de uma oportunidade que poderá se transformar em um evento permanente de discussão desses problemas para que possamos todos seguir o caminho que é o caminho da melhoria da produção, da rentabilidade, melhoria das condições da produção da carne no Brasil”.
A sessão foi presidida pela senadora do Rio Grande do Sul, Ana Amélia Lemos. “No início da audiência eu disse que a pecuária tem que fazer o trabalho também da porteira para fora. Retifico minha fala – exceto Mato Grosso, que tem feito muito bem os dois trabalhos”.
Segundo o presidente da Acrimat, José João Bernardes, ainda há muito a se caminhar nos dois sentidos (porteira para dentro e para fora). “A atividade tem evoluções permanentes. A pecuária tem um caminho ainda a ser percorrido em Mato Grosso, mas tem avançado na medida em que a tecnologias tem sido descobertas, à medida que recursos sejam alocados, à medida que o produtor se convence de que este é o melhor caminho a se percorrer”.
De acordo com o senador Blairo Maggi, o setor pecuário é a maior atividade econômica do estado e ajuda a sustentar a economia brasileira. Mato Grosso é detentor de aproximadamente 29 milhões de cabeças de gado.
Logística e sanidade animal
O conselheiro fiscal da Acrimat, Mario Candia, destacou as dificuldades enfrentadas com a logística mato-grossense. Conforme ele, em Mato Grosso estrada sem buraco já é considerada “boa”, porém precisa-se urgentemente de duplicações, acostamentos e “nada de buracos”.
A Ferrogrão, idealizada pelas tradings Amaggi, Cargill, Bunge e Louis Dreyfus Commodities, consorciadas com a empresa de estruturação de negócios EDLP, ligando Lucas do Rio Verde a Miritituba (PA) é considerada uma solução para o escoamento da produção agropecuária do estado, uma vez que “mesmo ainda não estando pronta a BR-163 no trecho já está saturada e precisando de duplicação”.
O pecuarista e médico veterinário Luiz Carlos Meister destacou a preocupação do setor em Mato Grosso com a sanidade animal, “pois se houver um caso de febre aftosa toda a cadeia produtiva, incluindo soja e milho, é afetada”, vindo a se sofrer com repressões do exterior quanto às exportações.
“O recurso para combater a febre aftosa no Brasil é de R$ 80 milhões no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Mato Grosso tem 740 km de fronteira com a Bolívia e através do Fundo Emergencial de Saúde Animal do Estado de Mato Grosso (Fesa) doa as vacinas para o país vizinho para que o estado possa ter um pouco mais de segurança na sanidade animal”, frisou Luiz Carlos Meister.
O senador por Mato Grosso do Sul, Waldemir Moka, destacou que o seu estado possui problemas que se assemelham com Mato Grosso, principalmente no que diz respeito à faixa de fronteira com o Paraguai. “O governo federal precisa enxergar a sanidade animal como prioridade. Sem ela podemos ter prejuízos”.