Em estudo da Embrapa Gado de Corte, animais registraram ganho de peso de 760g por dia em pasto de 30 cm com a forrageira Xaraés
Pesquisas da Embrapa Gado de Corte mostraram que no quarto ano de experimento com o capim Xaraés, o animal ganhou 760 gramas de peso por dia em pasto de altura de 30 cm, em 370 dias, com taxa de lotação de 2,8 UA/ha, resultando em 1.170 kg/ha. O custo desse modelo é de R$ 1,80 por animal/dia (mais adicionais) e custo total de R$ 1.330 por hectare. O total da receita com o pasto a 30 cm, considerando o quilo do peso a R$ 4,95, foi de R$ 5.800, com a margem de lucro de R$ 4.470. Melhor resultado de altura de pasto.
Comparando com a altura do pasto em 15 cm, a margem de lucro foi de R$ 2.420. O ganho de peso foi menor: 450 gramas/dia, com taxa de lotação maior: 3,4 UA/ha, e um tempo maior para a engorda, quase o dobro: 620 dias, com ganho animal por área menor: 1.030 kg/ha.
Com altura de 45 cm, com a taxa de lotação praticamente igual ao pasto de 30 cm de altura: 2,7 UA/ha. Mas o ganho animal por dia e por área foi menor: 600 gramas/dia e 930 kg/ha, respectivamente, e margem da receita menor: R$ 2.990
Para a produção de leite, Zimmer mostrou resultados em pastos de capim mombaça, que obteve melhores resultados quando à altura de entrada nos pastos foi de 90 cm ao invés de 140 cm. A média de leite foi de 14 litros por vaca a 90 cm, enquanto em 140 cm a produção foi de 10,8 litros.
Na ILP, a presença do gado no pasto é positiva quando se realiza juntamente com o sistema plantio direto (SPD). Um fator importante é a altura de pastejo para a massa de palhada. O efeito da altura da Brachiaria ruziziensis na massa de palhada teve melhor resultado em 35 cm, com produção de 6,8 toneladas de massa, com 96 cm de altura de plantas e produção de soja de 4.240 kg (70 sacas por hectare).
Em 15 cm, foi de 4,1 toneladas, 88 cm de altura e 3.930 kg (65 sc/ha). Com o pasto a 50 cm, a altura da planta foi de 87 cm e 3.900 Kg (65 sc/ha).”Colocar boi “na roça” é bom. A soja produz mais com o pastejo, por estimular o perfilhamento, a ciclagem de nutrientes e crescimento radicular”, afirmou o pesquisador.
O bom manejo das pastagens tem outras vantagens: reduz a emissão de gases de efeito estufa, protege o solo e aumenta a produtividade de grãos no sistema de integração lavoura-pecuária-floresta, entre outros fatores.
É uma via de mão dupla: um solo bem manejado é um ambiente propício para pastagens de qualidade, e pastagens de qualidade contribuem para a construção de uma boa estrutura do solo. “Nosso equipamento de produção do produtor rural é o solo; o boi e os grãos são os produtos.”
Zimmer também falou sobre a importância da suplementação em sistemas de produção com idades de abate decrescentes (pasto, suplemento, confinamento). A suplementação na seca é feita com sal mineral nas águas e proteinado de baixo consumo na seca, sendo o abate aos 29 meses. Na suplementação na seca mais águas, o suplemento deve ser proteico-energético de baixo consumo nas águas e proteinado de baixo consumo na seca (abate aos 27 meses).
Com a terminação realizada em semi-confinamento, a recomendação é que o sumplemento seja proteico-energético de baixo consumo nas águas e proteinado de baixo consumo na seca e terminação em semi-confinamento, avançado (1,8% do peso vivo em concentrado) e abate em 21 meses.
O abate aos 19 meses acontece quando se faz a suplementação proteica-energética de baixo consumo nas águas e proteinado de baixo consumo na seca e terminado em confinamento.
O resultado desses sistemas acima em integração lavoura-pecuária (ILP) possui desempenhos superiores e o abate é feito entre 14 e 20 meses.
Mais forrageiras – Com a Brachiaria híbrida BRS Ipyporã (Brachiaria ruziziensis com Brachiaria brizantha): na altura ideial, 30 centímetros, possui alto valor nutricional (de 11% a 12% de proteína) – ganha da marandu, mas perde em capacidade de suporte; possui digestibilidade de 60%; aguenta ataque de cigarrinha da pastagem e cigarrinha da cana (ela é a exceção, porque nenhuma brachiaria tem resistência).
Panicum maximum cv BRS Quênia (híbrido de panicum) – no Bioma Cerrado, o desempenho animal (grama por animal/dia) nos primeiro e segundo anos, no período das águas e melhor que a mombaça, mas é menor que a na seca,
Mas, no terceiro ano, o desempenho é maior que a mombaça nos dois períodos, mostrando que é uma cultivar persistente. Já a proteína bruta e a digestibilidade são maiores tanto no período de chuva quanto na seca.
Bem estar animal – “Bem-estar animal é fazer certo”, disse a pesquisadora da Embrapa Gado de Corte, Fabiana Villa Alves, no início de sua palestra. Ela enfatizou que valorizar a ambiência não é somente para suínos e aves – com estruturas construídas para manter o animal longe do estresse -, mas também para o gado de corte e de leite.
Para proporcionar o bem-estar, é necessário seguir cinco diretrizes: o animal deve estar livre de fome e sede; de desconforto; de dor, lesões e doenças; de medo e estresse; e estar livre para expressar comportamento. “Tudo que diz respeito a estresse causa diversas alterações”, afirmou.
As principais são queda de dezempenho reprodutivo, redução da ingestão de alimentos; aumento do consumo de água; diminuição na produção de leite, redução da libido e da espermatogênese; redução da fertilidade; aumento da mortalidade embrionária; e diminuição de peso dos neonatos”, listou Fabiana.
Um exemplo em relação ao bem-estar animal é o número de animais para formação de lotes. O ideal é que cada lote tenha de 120 a 150 animais. Segundo a pesquisadora, é preciso manter animais dominantes em lotes separados.
“Existe uma hierarquia entre os animais. Não se deve misturar os lotes ao transportar os animais. Se dois dominantes estiverem no mesmo lote , eles vão brigando até o frigorífico e a carne terá problema e será configurada com defeito de carne por estresse”, alertou.
ILPF – A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é mais uma ação importante para o bem-estar animal. Além da sombra proporcinada, que pode reduzir a temperatura de 2ºC a 9ºC, as árvores aumentam a umidade do ar e do solo. À sombra, seja a natural proporcionada pelas árvores ou por sombrite, a produção de leite aumenta aproximadamente em 30%.
Mas o componente floresta ainda proporciona outras vantagens como a ação contra os ventos; redução das amplitudes térmicas, resultando em bem estar e conforto térmico; além da fixação de nitrogênio, ciclagem de nutrientes no solo e créditos de carbono.
Também existe o enriquecimento cênico. “Na Europa, já se paga para visitar os locais, porque é bonito, é bucólico. Aqui no Brasil talvez se dê valor a esse atributo somente daqui a 15 anos, que é um excelente nicho de mercado”, opinou a pesquisadora. Outro benefício apontado é que com a adoção de forma adequada da ILPF pode dar à carne o selo de “Carne Carbono Neutro” (CCN), uma iniciativa da Embrapa Gado de Corte.
Escolha da espécie – Para a escolha da da espécie de árvore, é necessário analisar as condições edafoclimáticas, o tipo de solo e o mercado. “Em Mato Grosso do Sul, o ideal é o eucalipto, que cresce cerca de 12 cm por ano, que se adapta bem em solos arenosos e ácidos, e que possui bom mercado para a venda da madeira”, afirmou Fabiana.