Campo Grande (MS) – Uma importante publicação sobre a pesca de água doce no mundo, lançada este ano, conta com informações sobre a atividade produzidas especificamente para a região pantaneira por profissionais do Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul (Imasul), da Embrapa e da Polícia Militar Ambiental (PMA). O livro “Freshwater Fisheries Ecology” (“Ecologia da Pesca de Água Doce”, em tradução livre) é uma publicação de 898 páginas feita pela editora de trabalhos científicos Wiley Blackwell. A edição foi feita pelo pesquisador John Craig, que também é editor-chefe da revista “Journal of Fish Biology”, ou “Jornal da Biologia dos Peixes”.
Na avaliação da bióloga Fânia Campos, fiscal ambiental do Imasul, a publicação dos dados sobre a atividade pesqueira na bacia do Alto Paraguai é um reconhecimento significativo para o Sistema de Controle da Pesca de Mato Grosso do Sul (SCPesca/MS). O sistema foi desenvolvido em parceria firmada entre a Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Econômico (Semade), por meio do Imasul e o 15º Batalhão da Polícia Militar Ambiental (15º BPMA-MS) e possui cerca de 20 anos de dados coletados. “É a representação de que o nosso trabalho está sendo validado. Os dados e informações obtidos pelo Sistema também são utilizados para o gerenciamento e ordenamento da atividade no estado. São informações que só existem aqui em Mato Grosso do Sul”, afirma Fânia.
De acordo com Agostinho Catella, pesquisador da Embrapa Pantanal que integrou o time de colaboradores brasileiros do projeto, “o livro aborda a pesca de água doce em escala mundial. Fala sobre os escossitemas, o desenvolvimento e a gestão das pescarias, os efeitos das perturbações ambientais sobre a atividade e outros aspectos. Na seção sobre os recursos pesqueiros, a publicação apresenta as pescarias de água doce em todos os continentes. Um dos capítulos fala sobre a pesca na América no Sul”, afirma.
Para Agostinho, uma coleção extensa como a do SCPesca/MS favorece a percepção das mudanças sofridas pela atividade ao longo dos anos. “A gente consegue enxergar o contraste entre o que a pesca foi, por exemplo, quando somente a pesca profissional artesanal era realizada, e como é a situação atual, em que há outros atores atuando”, diz. “Nós temos a pesca de subsistência, a pesca profissional artesanal (atividade tradicional que cumpre um papel socioeconômico de grande importância na região) e a pesca amadora, que gera emprego, renda, movimenta a economia e continua fazendo do Pantanal o principal destino no Brasil para a atividade”.
Segundo Agostinho, John Craig convidou o pesquisador Mário Barletta – professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), em Recife – para reunir uma equipe que pudesse apresentar as informações mais relevantes sobre a pesca no continente sul-americano. “O Mário buscou especialistas em sete bacias no continente: do rio Magdalena, do rio Orinoco, da Bacia Amazônica, do rio São Francisco, do rio de La Plata, da Lagoa dos Patos e dos lagos da Patagônia”, afirma. Dessa forma, os pesquisadores Agostinho Catella, Angelo Agostinho (da Universidade Estadual de Maringá – UEM) e Claudio Baigún (do Instituto Tecnológico de Chascomus, na Argentina) ficaram responsáveis pela seção que descreveu a pesca na bacia do rio de La Plata. O pesquisador da Embrapa Pantanal abordou mais diretamente a região pantaneira na publicação.
“Nós descrevemos como funciona a pesca profissional artesanal e amadora (ou recreativa) no Pantanal e sua estreita relação com o ambiente, assim como suas variações. Apresentamos as tendências que elas seguiram desde que tiveram início, as políticas pesqueiras que foram adotadas e os conflitos de interesse entre os atores. Depois, abordamos a produção pesqueira – trecho que foi baseado, principalmente, nas informações que produzimos por meio do Sistema de Controle da Pesca de Mato Grosso do Sul, o SCPesca/MS”, afirma. “Em relação à coleção de informações sobre pesca profissional artesanal e amadora de água doce, seguramente é o maior conjunto que existe no país”, finaliza o pesquisador da Embrapa.
Clique aqui para acessar mais informações sobre o livro “Freshwater Fisheries Ecology” no site da editora.
Marcelo Armoa, Com informações e foto de Nicolli Dichoff, da Assessoria de Comunicação da Embrapa Pantanal