Campo Grande (MS) – Já foram regularizadas junto ao Imasul (Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul), o órgão ambiental do Estado vinculado à Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar), 1.688 barragens construídas em cursos d’água para usos diversos, desde geração de energia elétrica até piscicultura. O processo de regularização dessas barragens começou em 2015 e só neste ano, de janeiro a ao dia 23 de setembro, 359 empreendimentos tiveram a documentação recepcionada junto à Gerência de Recursos Hídricos do Imasul.
Os dados foram apresentados na manhã desta sexta-feira (24), durante o 2º Seminário Estadual de Segurança das Barragens, realizado pelo Imasul e com transmissão pelo Youtube. O evento teve a participação de 269 pessoas de 21 Estados brasileiros, sendo que as maiores participações foram: 110 de Mato Grosso do Sul, 45 de Minas Gerais, 33 do Pará, 28 de São Paulo e 11 do Distrito Federal. Ainda é importante destacar que 43% dos inscritos informaram ter nível superior completo.
Do total de barragens já regularizadas junto ao Imasul, 81% têm capacidade de represamento de água inferior a 10 mil metros cúbicos. Isso as coloca na condição de barragens de pequeno porte e para sua regularização junto ao órgão ambiental, basta que o empreendedor junte a documentação necessária por via digital, através do Sistema de Gestão Ambiental do Imasul, o Siriema. Já 499 barragens foram classificadas acima dessa capacidade ou por outros motivos foram enquadradas no tipo de empreendimento que precisa de um processo de outorga para uso dos recursos hídricos. Nesses casos, também o processo pode ser protocolizado por via digital, mas precisa da autorização do órgão ambiental para ser instalada.
Segurança
A outorga traz segurança ao empreendedor e à população em geral, porque é a garantia do órgão ambiental do Estado de que todos os critérios exigidos para o bom uso dos recursos naturais foram adotados, dentro das normas e padrões legais, explicou o diretor presidente do Imasul, André Borges. “Hoje nós temos um trabalho de referência, reconhecido pela Agência Nacional das Águas, na gestão responsável dos recursos hídricos. Isso coloca Mato Grosso do Sul numa situação privilegiada em nível nacional, somos citados como exemplo”.
O secretário adjunto da Semagro, Ricardo Senna, frisou que o licenciamento ambiental não pode ser visto como entrave ao desenvolvimento, mas sim como a garantia de que o processo legal está sendo cumprido, para segurança de todos. “Se precisa revisão das normativas, estamos fazendo. Um exemplo é a própria Resolução 757 de agosto passado que consolidou as normas de segurança das barragens e que permite, agora, um processo mais simplificado quando o empreendimento é de pequeno porte e baixo dano potencial agregado”, disse.
A junção das pastas de Meio Ambiente e Produção também foi uma estratégia importante da gestão atual porque eliminou a possibilidade de conflitos de interesse, já que agrega todo o processo que envolve a implantação de um empreendimento. “Temos fomentado o diálogo com o setor produtivo e empreendedor, avançando na reforma dos processos de licenciamento, recentemente tivemos uma revisão no Manual de Licenciamento e aprimoramos a legislação de outros setores, como é o caso do uso da água pela piscicultura, com simplificação para pequenos empreendimentos”.
Seminário
O 2º Seminário Estadual de Segurança de Barragens começou às 8h e se estendeu até as 12h. Foi dividido em três partes: a abertura, com pronunciamentos do diretor-presidente do Imasul, André Borges e do secretário adjunto de Meio Ambiente, Recardo Senna; em seguida a Coordenadora de Regulação de Serviços Públicos e da Segurança de Barragens da Agência Nacional de Águas (ANA), engenheira civil Fernanda Laus de Aquino, apresentou os dados nacionais e normas a respeito; depois a engenheira civil Eloiza Marques, do Imasul, apresentou a normativa do órgão ambiental e os dados de classificação de barragens no Estado; o coordenador estadual da Defesa Civil, tenente coronel Fábio Catarinelli, mostrou as ações do organismo na prevenção de riscos; e teve ainda a participação de dois empreendedores citando experiências próprias com barragens.
Na terceira parte do evento aconteceram as palestras com o engenheiro civil e mestre em Hidráulica e Saneamento pela USP (Universidade de São Paulo), Hugo Rocha, que falou sobre modelagem de ruptura de barragens; com o engenheiro civil e especialista em Segurança de Barragens pela UFBa (Universidade Federal da Bahia), Ruben José Ramos Cardia, apresentando uma análise de patologias em barragens de terra; e Alexandre Paes, analista de Sistemas, bacharel em Ciências da Computação e pós-graduado em Negócios na Internet e o engenheiro civil Guilherme Tomio, que fizeram uma demonstração de software de monitoramento de barragens que transformma os dados coletados da instrumentação em informações seguras e precisas.