A oferta de bois para abate no Brasil tende a aumentar em 2017 mas o reprimido consumo doméstico poderá persistir por mais um ano enquanto a economia brasileira se recupera lentamente, segundo análise de pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP.
“Assim como no ano passado, em 2017 o setor pecuário brasileiro terá como principal desafio a demanda doméstica por carne bovina”, informou o Cepea em comunicado.
O poder de compra do consumidor tende a continuar enfraquecido como consequência de uma economia ainda fraca, principalmente na primeira metade de 2017. O Produto Interno Bruto (PIB) do país deverá acrescer apenas 0,5% neste ano, segundo estimativa do Banco Central.
“Para o primeiro trimestre do ano, espera-se também maior oferta de animais prontos para abate, relacionada à redução no número de lotes em confinamento em 2016”, disseram os analistas do Cepea. “Para os trimestres subsequentes, a maior oferta de boi magro e a pressão nos custos de produção podem manter crescente a oferta de boi gordo.”
Neste cenário de consumo ainda reprimido, o aumento da oferta de animais para abate pode colaborar para pressionar os valores da carne, com queda real nos preços em todos os elos da cadeia.
O Cepea considera que uma eventual alta nos preços da carne deverá ficar abaixo da inflação esperada para 2017, de 5,13%, enquanto os custos também devem oscilar abaixo da inflação.
No mercado externo, a Ásia deverá continuar sendo a principal aposta dos exportadores brasileiros que podem ganhar espaço neste mercado com a expectativa de redução na oferta de carne australiana.