Os volumes das exportações de carnes de aves e suínos estão bons, porém, “os custos de produção estão insuportáveis e, por isto, a rentabilidade do setor está próxima de zero; a crise aguda do milho ainda não acabou”, afirmou Mário Lanznaster, presidente da Cooperativa Central Aurora Alimentos e vice-presidente para assuntos do agronegócio da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc).
Desde o início deste ano, o encarecimento do milho vem prejudicando as maiores cadeias produtivas de Santa Catarina, causando pesados e irreversíveis prejuízos à avicultura e à suinocultura. O grão encareceu cerca de 50% e chegou a valer R$ 60 a saca de 60 kg. As informações são do presidente da Aurora Alimentos, enviadas à imprensa por meio de nota.
O preço do milho no mercado brasileiro retirou a competitividade internacional. Atualmente, recuou para R$ 41 e ainda impõe prejuízos aos criadores e agroindústrias. Lanznaster mostra que o milho norte-americano custa R$ 26 para quem produz frango e suíno naquele país e, se a importação fosse autorizada, chegaria ao Brasil mais barato que o nacional.
O industrial lamenta que “o custo de produção está destruindo nossa competitividade e ficou difícil disputar com os americanos que contam com milho abundante e mais barato”. Reclama ainda que a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) impediu a importação de milho dos Estados Unidos, aguardada com expectativa para reduzir os preços do cereal no mercado doméstico.
Lanznaster estranha essa decisão porque há mais de dez anos o Brasil planta milho e soja transgênicos e 90% das lavouras em solo brasileiro são transgênicas. Assinala que “a decisão da CNTBio retarda uma importante solução para a crise de abastecimento de milho no país e uma das consequências é o encarecimento dos alimentos para a população”.
O dirigente mostra que o ritmo de crescimento em volume e receita tem contribuído para equilibrar a oferta interna de produtos, porém, em termos de resultados, a rentabilidade é quase zero.
“Houve uma pequena desaceleração na produção de carne suína e de frango, o que reduziu um pouco a pressão sobre o abastecimento de milho para as grandes cadeias produtivas a partir do segundo semestre, mas o problema permanece”.
De acordo com projeção da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a produção de carne de frango em 2016 deverá ficar em 13 milhões de toneladas – 4% menor que as 13,5 milhões de toneladas previstas no início deste ano – e a de carne suína, em 3,64 milhões de toneladas, inferior à previsão de 3,76 milhões apresentadas em janeiro. Algumas indústrias diminuíram o ritmo da produção com a suspensão de turnos de trabalho, encerramento de atividades de plantas e outras decisões na esfera produtiva.
O presidente da Aurora acredita que a crise ameniza, porém, não desaparece no próximo ano, apesar da importação de milho do Paraguai e da Argentina e do bom desempenho da primeira safra no sul, que concentra 70% da produção de carne de frango e 80% da produção de carne suína. Entretanto, segundo ele, é indispensável que seja viabilizada a importação de milho dos Estados Unidos para o Brasil.
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