A estrelícia também é bastante requisitada para cultivo em jardins por suas touceiras exuberantes a pleno sol. Resistente ao vento, pode ser plantada para embelezar frentes de casas, prédios e estabelecimentos diversos, além de praças e parques. É uma boa escolha para seguir o contorno das beiradas de caminhos em entradas de sítios e chácaras.
Pertencente à família Strelitziaceae, a estrelícia é uma espécie subtropical que atinge até 1 metro de altura. Sensível à variação da temperatura, apresenta maior tendência de crescimento nas épocas mais quentes, especialmente em uma faixa que vai de 22 ºC a 25 ºC.
Na extremidade da haste, as inflorescências surgem a partir de uma folha modificada (bráctea) de tom avermelhado. Ela envolve as flores, que são compostas por quatro pétalas grandes em forma de seta, sendo duas de cor alaranjada e duas azuis, que se abrem sucessivamente. Ao serem polinizadas por pássaros e insetos, geram frutos secos, duros e cheios de sementes envolvidas por uma camada carnosa alaranjada coberta por uma capa protetora negra.
Possui caule rizomatoso e envolvido por uma grande bainha na base do pecíolo. As folhas são coriáceas e elípticas, de coloração verde-escuro na face superior e verde-acinzentado na parte inferior, com pecíolos longos.
Devido à beleza e ao formato curioso, a estrelícia, originária da África do Sul, espalhou-se rapidamente pelo mundo logo que foi introduzida no continente europeu, em 1770. No entanto, foi a partir de 1900 que o cultivo da planta ornamental passou a ser difundido, atingindo uma escala mais volumosa de produção.
Foi na Inglaterra que a flor recebeu sua identificação Strelitzia reginae no meio científico. O nome foi uma homenagem dada à rainha Carlota Sofia, esposa do rei inglês George III e descendente de Mecklenburg-Strelitz, um pequeno ducado no norte da Alemanha.
>>> INÍCIO A principal variedade comercial de estrelícia para flor de corte é a Strelitzia reginae. Para uso como planta de jardim, as opções por aqui são as de porte alto S. nicolai, S. angusta e o resultado do cruzamento entre as duas, a S. Kewensis.
>>> PROPAGAÇÃO Se por sementes, é necessário quebrar a capa que as envolve dando um banho em ácido sulfúrico por um período de cinco a dez minutos. Em seguida, lave-as em água corrente e faça a semeadura em canteiros com substrato leve e rico em matéria orgânica. Em boas condições, germinam em 20 a 30 dias. Apesar de levarem de quatro a seis anos para a produção de hastes de 1 metro de comprimento, as plantas podem durar de 20 a 25 anos. A propagação por divisão de touceiras (rizomas) tem a vantagem de produzir mais precocemente. Mais recente, outro método é o cultivo in vitro, que demanda domínio da técnica e laboratório especializado.
>>> AMBIENTE A estrelícia desenvolve-se bem em regiões com clima subtropical. Exige insolação plena pelo menos durante metade do dia. Sombreamento, somente se for leve, não devendo passar de 30%. Gosta de umidade relativa do ar a 70% e tem tolerância a geadas não intensas.
>>> PLANTIO Deve ser em solo profundo, ligeiramente ácido e rico em matéria orgânica e com bom suprimento de água, mas não encharcado. Prepare bem a terra, eliminando os torrões. Evite áreas com declividade, pois a planta não faz uma boa cobertura de solo.
>>> ESPAÇAMENTO São indicadas medidas de 1 metro entre plantas e 2 metros entre linhas. Nas covas, coloque 10 litros de esterco bem curtido. Como alternativa, recomenda-se a adição de 300 gramas de fertilizante com formulação 4:14:8 por cova no início da primavera e outra no verão. Também é opção o uso mensal de fertilizantes nitrogenados (sulfato de amônia) em porções de 10 gramas por touceira. As doses ou a frequência de adubação, contudo, devem ser feitas por recomendação técnica segundo a análise de solo.
>>> IRRIGAÇÃO Indicada para manutenção do solo úmido, mas sem que ocorra encharcamento. Durante o verão, realize duas irrigações por semana. O uso de cobertura morta ajuda a reduzir a evaporação de água e mantém a umidade e a temperatura do solo.
>>> CUIDADOS Assegure a sanidade das mudas, o bom preparo do solo e as pulverizações com inseticidas e fungicidas para manter a planta produtiva caso ocorra incidência severa de pragas ou doenças.
>>> PRODUÇÃO Quando a primeira flor abrir, a estrelícia chegou ao ponto de colheita. Por ser quebradiça, é importante ter cuidado no manuseio. As hastes florais são colhidas com tesoura de poda ou faca limpa e afiada. Em média, a cada dois dias surge uma nova flor. Pode ser armazenada em câmara fria, com temperatura em torno de 10 ºC, por até dez dias.
Solo: profundo, levemente ácido e rico em matéria orgânica
Clima: prefere temperaturas entre 22 ºC e 25 ºC
Área mínima: pode ser plantada em vaso
Colheita: inicia-se assim que abrir a primeira flor
*Fábio Alessandro Padilha Viana é engenheiro agrônomo, doutor em produção e tecnologia de sementes de flores e plantas ornamentais e professor da Universidade de Brasília (UnB), tel./WhatsApp (61) 8601-8619, fabioapviana@unb.br
Onde comprar: mudas podem ser adquiridas em viveiros de produção de mudas de plantas ornamentais
Mais informações: com técnicos de empresas de assistência agrícola (Emater)
POR JOÃO MATHIAS * CONSULTOR FÁBIO ALESSANDRO PADILHA VIANA