Lançada pelo governador Reinaldo Azambuja em julho, as obras da nova clínica do Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) do Imasul (Instituto de Meio Ambiente de MS) estão em andamento e devem ser concluídas em até dois anos. O novo prédio vai abrigar todo o atendimento aos animais silvestres, da triagem às cirurgias, em um espaço equipado para promover a reabilitação animal.
Orçada em R$ 3,8 milhões, a obra está na fase de locação, também conhecida por terraplanagem e a empresa responsável pela execução tem 540 para terminar o prédio de 1.153,33 metros quadrados de área construída. A estrutura onde o CRAS funciona atualmente foi construída há mais de 30 anos e recebe, em média, 2.600 animais por ano oriundos de apreensões, resgates ou entregues de forma voluntária.
Coordenadora do CRAS, Aline Duarte explica que devido ao tempo a estrutura atual necessita de adequação e manutenção. “A construção da clínica vem para atender essas demandas. Hoje a triagem, atendimento clínico e cirurgias são em prédios diferentes, na clínica tudo estará concentrado em um mesmo prédio. Isso irá proporcionar um atendimento mais otimizado e moderno”, explica.
A nova clínica inclui espaços administrativos, salas de cirurgia, novos ambientes para quarentena e laboratórios para exames. Muitos procedimentos
mais complexos que atualmente são feitos em clínicas de universidades, passarão a ser realizados no CRAS quando a obra estiver concluída, como exames de Raio-X e ultrassonografia em animais de grande porte ou cirurgias mais complexas.
Além disso, o local poderá funcionar também como um centro de treinamento para cursos de veterinária e biologia, entre outros, e formar mão de obra especializada para tratar dos animais silvestres de Mato Grosso do Sul.
Referência em atendimento
Em 2020, com uma seca histórica e recorde de incêndios florestais, o CRAS reafirmou seu papel essencial para o atendimento aos animais silvestres. Diversos animais vítimas dos incêndios foram atendidos pela equipe técnica do CRAS, que enviou uma unidade móvel para o Pantanal, região mais afetada pelas chamas.
“O Cras já faz um excelente trabalho, é pioneiro no mundo em procedimentos avançados, como o implante de bico em uma arara Canindé, uma prótese em impressora 3D para implantar em um mutum e o uso de pele de tilápia em animais queimados. A partir da clínica poderemos ampliar muito o que já é feito”, afirma o secretário Jaime Verruck, titular da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).
Maior do país
O CRAS foi criado em julho de 1987 para recepcionar, triar e destinar os animais silvestres apreendidos em operações de combate ao tráfico, atropelados nas rodovias estaduais, ou ainda entregues voluntariamente pela população. Foi um dos primeiros Centros de Triagem de Animais Silvestres criados no Brasil e é, atualmente, o mais importante da categoria.
O CRAS já recepcionou mais de 300 espécies entre aves, répteis e mamíferos, perfazendo perto de 41.000 animais, conforme balanço até o ano passado. Deste total 68% são aves, 20% mamíferos e 12% répteis. O percentual de animais ameaçados de extinção atendidos no local é de 4% em relação ao total de entradas.
A maioria dos animais, antes de saírem do Centro, são marcados de acordo com suas características físicas (anilhas, tatuagem, picote na orelha, brincos e furos na carapaça), para que seja possível o seu monitoramento. As informações referentes aos animais utilizados para repovoamentos são extremamente importantes, tendo em vista, os escassos dados sobre o assunto. O Centro, por sua vez, realiza periodicamente, vistorias nos locais para onde os animais foram encaminhados, visando coletar informações e acompanhar a adaptação dos animais soltos.
Veja animação da maquete da nova clínica do CRAS:
Priscila Peres, comunicação Semagro