Com estimativa de crescer 5,5% este ano, Mato Grosso do Sul tem grandes desafios em termos de qualificação profissional para manter o pleno desenvolvimento. Com quase R$ 50 bilhões a caminho apenas de projetos da iniciativa privada no setor de celulose, com a Suzano prevendo inaugurar seu projeto Cerrado em 2024, e a Arauco iniciando as ações para a fábrica em Inocência, o Estado está focado em atender esta demanda de mão de obra. Para isso terá que investir em programas que garantam esta capacitação principalmente para os jovens e medidas que ajudem a levar os trabalhadores para o interior.
A indústria, por meio do Sistema S tem papel fundamental neste processo, pois além da necessidade premente de trabalhadores qualificados para atender a meta de MS virar o Vale da Celulose, estão em andamento as obras da Rota Bioceânica, instalação de usinas de etanol de milho, de esmagamento de soja e expansão da indústria sucroalcooleira. Isso sem contar outros segmentos.
Todos estes pontos, além dos cenários e indicadores da economia sul-mato-grossense e políticas públicas do Governo do Estado, foram abordados pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc) Jaime Verruck durante palestra para gestores e colaboradores da Federação das Indústrias de MS (Fiems) na Escola da Construção.
No evento, Verruck explicou como a indústria por meio da Fiems e suas instituições como o Sesi e Senai poderão atuar como agentes transformadores e protagonistas nestas mudanças.
“É preciso mudar paradigmas em termos de qualificação e se aproximar cada vez mais da população. Investir nos jovens e criar uma nova mentalidade, mostrando que nem sempre a satisfação profissional vem a curto prazo. O emprego existe, os recursos estão aí, mas é preciso que a oportunidade chegue até as pessoas por meio da capacitação”, salientou o secretário.
Verruck ressaltou que o desenvolvimento econômico não se faz apenas com política pública mas com investimento privado. “A Semadesc tem um papel muito relevante nesse processo, no processo de industrialização, de qualificação profissional e educação básica. Então, o que nós estamos mostrando hoje é o quanto que nós estamos crescendo no Estado. Somos a unidade da federação que mais cresce no País, um avanço de 8% nos últimos anos. Mas precisamos de uma resposta na qualificação, na educação para atender esse processo de crescimento. Essas “dores do crescimento” fazem com que todas essas lideranças tenham que se movimentar no mesmo sentido. Então, nós precisamos de mais pessoas qualificadas. Nós precisamos trazer mais indústrias, nós precisamos ter mais indústrias qualificadas pra atender esses grandes empreendimentos em Mato Grosso do Sul”, frisou.
Crescimento sustentável
O secretário Jaime Verruck ressaltou que o Governo e parceiros devem focar também na capacitação voltada para o desenvolvimento sustentável do Estado. “É preciso aproximar os fornecedores por exemplo de siglas como o ESG (Environment, Social and Governance) que estão muito longe do vocabulário do empresariado. Mas que pode ser traduzido por práticas já existentes na empresa como a destinação correta de resíduos, a reciclagem entre outras medidas”, pontuou.
Por isso, a meta da Semadesc com a secretaria-executiva de qualificação é alinhar o pensamento estratégico do Governo do Estado com as instituições do sistema S, por exemplo.
“Hoje nós temos uma carteira de investimento de R$ 3 a 4 bilhões de recursos próprios e uma excelente nota fiscal de capacidade de pagamento graças a medidas que tomamos lá atrás que foram consideradas até impopulares. Não dá para fazer algumas coisas antes que você estruture internamente a sua casa. E fizemos isso dentro da reforma administrativa. Agora nosso desafio e galgar outro passo em direção a qualificação”, citou.
Mato Grosso do Sul será a referência em celulose com 30% da produção brasileira e para isso, segundo Verruck o Estado precisará ser destaque também na qualificação. “Trinta por cento do total da celulose brasileira sai do Mato Grosso do Sul. Então, o jogo da celulose está aqui. Este é o primeiro desafio da indústria. MS terá que ser referência também na mão de obra para a celulose. Para que quando encontrarem algum trabalhador do MS entendam que ele é uma referência no setor”, finalizou.