Projeto de pesquisa que integra o programa Centelha, realizado pelo Governo do Estado está desenvolvendo tecnologia para produção de embalagens biodegradáveis a partir de cogumelos. Em Mato Grosso do Sul, o Centelha é executado pela Fundect (Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Ciência e Tecnologia do Estado de Mato Grosso do Sul), órgão vinculado à Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar).
Sob a responsabilidade da agrônoma e doutora em patologias de plantas, Thaís Benites, junto de sua irmã Laiz Benites, a pesquisa dedica-se à criação de uma embalagem ecológica, facilmente degradável, a partir de cogumelos. Thaís mora em Sidrolândia e conta que depois de alguns cursos específicos para produção de cogumelos em laboratório, forneceram algumas placas de fungos para ela, inclusive comestíveis, foi quando ela passou a cultivar em casa e testar.
“Queremos estudar agora para saber qual fungo vai nos fornecer um micélio mais denso, mais rígido, pensando na nossa embalagem e, se possível, vamos produzir também os cogumelos comestíveis, aí vamos conseguir abastecer o mercado, visando principalmente Mato Grosso do Sul, e com o resíduo, que é o material vegetal, finalizar produzindo essas embalagens ecológicas”, explica Thaís.
Segundo ela, após o processo de desenvolvimento desse fungo, é formada uma estrutura, que possibilita dar o formato que quiser para o crescimento, e assim surgem as embalagens. “Nossa ideia é criar embalagens principalmente para transporte de alimentos, que seja resistente e facilmente degradável”.
Para o desenvolvimento dos fungos que vão gerar a embalagem é preciso alimentá-los com material vegetal. “Já fizemos um projeto piloto, cultivando um pequeno volume. Colocamos basicamente uma mistura de capim, farelo de soja e milho. O tempo de desenvolvimento do fungo varia de acordo com a temperatura, podendo durar de 45 a 60 dias. Quando se desenvolve, ele produz um material semelhante a uma teia de aranha, o que chamamos de hifa”, pontua a pesquisadora, fazendo referência ao material que será base das embalagens, escolhido justamente por ser resistente e facilmente degradável ao mesmo tempo.
“Claro que utilizamos fungos que não causam nenhum tipo de doenças em seres humanos e que não são prejudiciais ao meio ambiente. Foram isolados na natureza, para serem cultivados em laboratório, em estrutura com ambiente controlado e à base de substratos totalmente vegetais”, relata a agrônoma.
Com recursos da Fundect foi possível comprar os equipamentos necessários para a experiência, que segundo a pesquisadora, viabilizará um produto comercial, negociável inicialmente somente em Mato Grosso do Sul, com possibilidade de expansão.
O projeto foi um dos contemplados na primeira edição do Programa Centelha MS, uma parceria entre o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação; Finep; e Governo do Estado de Mato Grosso do Sul por meio da Semagro e da Fundect.
Em Mato Grosso do Sul, a Fundect está com edital aberto para a segunda edição do Programa Centelha. Desta vez, serão cerca de 3 milhões de reais em recursos para transformar até 50 ideias inovadoras em negócios de sucesso. Essa é uma excelente oportunidade para tirar do papel aquele projeto que você considera diferenciado e transformá-lo em um negócio de sucesso.
As inscrições vão até o dia 10 de março e devem ser realizadas por meio do site programacentelha.com.br/ms
Texto: Diego Silva, Fundect