Na esteira do aumento nos preços da soja e do milho, ingredientes intensivos na fabricação da ração para alimentação animal, o preço interno pago pelo quilo de frango abatido foi majorado em 11,1%. A desvalorização cambial e a entressafra também refletiram nos últimos dois meses no aumento de 44,8% no preço da saca de 50 quilos de açúcar e de 31,4% no litro do etanol hidratado.
Tal combinação, segundo Silveira, terá duas implicações. Trará algum alívio nos custos de produção e melhora da margem dos produtores, mas exercerá mais pressão sobre a inflação. “Trata-se de uma combinação explosiva”, disse em entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado. Para ele, não resta mais dúvida agora de que a inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) vai encerrar o ano acima de 10%.
A desvalorização cambial, iniciada em julho, está sendo repassada para os preços dos produtos agrícolas comercializáveis, que são influenciados pelos movimentos do dólar pela relação que têm com o mercado internacional. Silveira ressalta que a soja está com o preço estável em Chicago, mas sobe internamente por causa do ajuste do câmbio. “Mas mesmo produtos que não são intensivamente exportáveis, como o milho, por exemplo, acabam sendo influenciados”, lembra Silveira.
A avaliação do analista do GO Associados é de que para o setor do agronegócio – que, como a economia brasileira, passa por um período de ajustes – a desvalorização cambial proporcionará uma rentabilidade maior no começo do próximo ano. De 40% a 50% da atividade do setor está relacionada à taxa de câmbio.
O setor sucroalcooleiro, de acordo com Silveira, não vai resolver de vez seus problemas de endividamento, mas deve melhorar a sua rentabilidade, na margem. A tendência é de que os preços agrícolas continuem subindo uma vez que o ajuste cambial ainda não se completou e que a entressafra de alguns produtos termina só mais para o fim deste ano e começo de 2016.
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