São Paulo, 06 – O ministro da Agricultura, Blairo Maggi, reafirmou no fim da tarde que o governo brasileiro voltará a negociar um acordo comercial com o México nas áreas de grãos e carnes. Segundo o ministro, o secretário de agricultura mexicano José Eduardo Calzada desembarcará junto com uma comitiva de empresários para uma reunião em São Paulo nos dias 20 e 21 deste mês.
A ideia é aproveitar o desejo dos mexicanos de buscar alternativas a fornecedores americanos de alimentos após Donald Trump não apenas ameaçar rever os termos do Nafta – bloco dos três países da América do Norte -, como também retirar os Estados Unidos da Parceria Transpacífico (TPP, na sigla em inglês) – tratado que vinha sendo costurado com o México e outros dez países.
Maggi concedeu entrevista ao Broadcast, serviço de notícias em tempo real do Grupo Estado, após reunião no Palácio dos Bandeirantes, sede do Executivo paulista, com o ministro das Relações Exteriores, José Serra, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o governador Geraldo Alckmin, entre outras autoridades. O encontro, solicitado por Serra, teve o propósito de “discutir o futuro da agricultura”, reunindo também especialistas desse setor.
“O Brasil nunca foi prioritário na pauta do México e eles importam mais de US$ 30 bilhões por ano de alimentos dos Estados Unidos. Com essa ameaça, esse desconforto, o México nos procurou”, disse Maggi, acrescentando que já participou de duas reuniões com Calzada. Ao falar das oportunidades que podem ser abertas pela guerra de Trump com parceiros comerciais tradicionais dos Estados Unidos, Maggi, citando informações da diplomacia do México, afirmou que os mexicanos vêm ao Brasil com “muita vontade” em avançar num acordo envolvendo os setores de grãos e carnes. “É uma grande oportunidade que o Brasil está tendo.”
Na conversa com o Broadcast, Maggi voltou a dizer que, na visita do presidente argentino, Mauricio Macri, ao Brasil, o governo brasileiro pretende discutir a inclusão do açúcar na pauta de negociação do Mercosul com a União Europeia. Esse será, segundo o ministro, o tema mais sensível a ser tratado na área agrícola com Macri, que vem nesta terça-feira ao Brasil.
Por não fazer parte da lista de produtos do Mercosul, o açúcar não pode entrar nas negociações do bloco com a União Europeia. Há um temor dos argentinos de que a inclusão provoque uma “inundação” de açúcar brasileiro no mercado vizinho. O governo brasileiro pretende, então, dar garantias de que, mesmo que o produto seja reconhecido, o Brasil não vai exportar açúcar aos argentinos, conforme adiantou o ministro da agricultura.
Maggi reafirmou ainda que sua pasta vai solicitar à Câmara de Comércio Exterior (Camex) a redução temporária da tarifa de importação de café, tendo como objetivo resolver a crise de abastecimento que atinge a indústria torrefadora. “Estamos convencidos de que há essa necessidade’, afirmou. Segundo Maggi, a proposta prevê a liberação de uma cota de importação de 250 mil sacas de café até maio. “A ideia não é abrir o mercado de forma irrestrita”, disse.
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