Garantir o bom uso de recursos naturais é um dos desafios na agricultura, mas também se configura como uma oportunidade para o Brasil, que, nos últimos anos, registrou avanços para produção agrícola com práticas sustentáveis e de preservação do meio ambiente. Nesta sexta-feira (1º), o Mapa (Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento), lançou em Bonito, o Águas do Agro (Programa Nacional de Manejo Sustentável do Solo e da Água em Microbacias Hidrográficas).
O evento, que contou com a presença do secretário Jaime Verruck, da Semagro (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar) marcou as comemorações dos 1000 dias do Governo Federal. “O programa Águas do Agro concilia o aumento de produtividade com a preservação dos recursos naturais, em especial, do solo e da água. Em Mato Grosso do Sul, já incentivamos a adoção de práticas sustentáveis de preservação do solo e da água em propriedades rurais por meio do PROSOLO (Plano Estadual de Manejo e Conservação do Solo e Água) e, especificamente na região de Bonito, temos a Câmara Técnica de Conservação de Solo e Água, por meio da qual temos realizado um trabalho fundamental de conciliação da produção agropecuária com a atividade do turismo na região”, lembra o titular da Semagro.
O PROSOLO é realizado pela Semagro e norteia as ações de implementação de sistemas de recuperação e conservação do solo e da água. Para isso, está sendo feita a identificação das principais causas da degradação e da integração entre as práticas de manejo em áreas de produção agropecuária. O Plano busca o desenvolvimento sustentável, gerando riquezas, qualidade de vida e conservação dos recursos naturais através da conjugação da parceria de setores público e privado. A partir de uma política estruturante, o Governo do Estado espera a adoção de boas práticas de produção e sustentabilidade
Já a Câmara Técnica de Conservação de Solo e Água, vinculada à Semagro, tem como atribuição a emissão de pareceres e de recomendações técnicas acerca do Projeto Técnico de Manejo e de Conservação de Solo e Água nas áreas de contribuição das bacias hidrográficas do Rio da Prata, Rio Formoso e dos rios Betione e Salobra nos municípios de Bodoquena, Jardim, Bonito e Miranda.
Programa Águas do Agro
O Programa Águas do Agro irá promover o desenvolvimento sustentável no meio rural por meio da adoção de tecnologias e práticas de conservação de solo e água, com o manejo eficiente dos recursos naturais. Afinal, o produtor rural também produz água ao explorar o solo de forma equilibrada e sustentável. É o que o explica a coordenação-Geral de Conservação do Solo e Água, Soraya Araújo.
“O solo e a água têm uma relação intrínseca: o solo contribui para a filtragem da água e a manutenção do teor de matéria orgânica disponível. Mais do que nunca, hoje, a produtividade não pode estar desvinculada das ações e práticas e tecnologias de conservação de solo e água”.
Assim, é fundamental manter a umidade do solo, fazendo com que a água infiltre e não escoe levando os nutrientes e sementes embora. Desta forma, ela estará disponível para ser utilizada quando a lavoura for plantada e também pelos animais em pastagens, principalmente, em momentos de estiagem.
Por isso, o Águas do Agro traz como premissas um modelo de exploração sustentável, com respeito aos limites do solo, a redução ou eliminação de seu revolvimento, a manutenção da sua cobertura, o aumento do aporte de matéria orgânica, a diversificação dos sistemas agrícolas. E como exemplo para se atingir esses objetivos estão algumas tecnologias e estratégias conservacionistas a serem implementadas: plantio direto; plantas de cobertura; adubação verde; manejo de pastagem; plantio em nível; e terraceamento.
Microbacias Hidrográficas
Essas ações serão trabalhadas junto a propriedades rurais selecionadas conforme critérios de criticidade em relação à disponibilidade hídrica, que recebem menos assistência técnica áreas com maior presença de solos descobertos e erosão acentuada, e municípios que recebem menos assistência técnica e com maior proporção de propriedades com uso de irrigação.
“Se o solo não está devidamente coberto, em uma área degrada, por exemplo, a água da chuva bate e parte do solo é carregada para os rios, causando erosão e assoreamento. Desta forma, a produção agropecuária adequada e em sistemas sustentáveis, como uma pastagem de boa qualidade ou uma plantação direta, garante que a água siga o seu ciclo hidrológico”, pontua a diretora do Departamento de Produção Sustentável e Irrigação, Mariane Crespolini.
As localidades são definidas em microbacias, que são territórios que levam em consideração fatores geográficos naturais, econômicos e sociais em condições mais homogêneas. A partir da identificação das microbacias em potencial serão implementadas as Unidades de Referência Tecnológica (URT) com a definição das tecnologias conservacionistas em solo e água, conforme cada área.
Pilares do programa
Além das URT, os pilares do Águas do Agro consistem em assistência técnica e gerencial e capacitação. A ideia é que o modelo de prestação de serviço de assistência técnica e capacitação seja ofertado a grupos de 20 a 30 produtores rurais por microbacia por um período de dois anos.
A assistência técnica e gerencial é fundamentada em cinco passos, que perpassam: diagnóstico produtivo da microbacia; planejamento estratégico; adequação tecnológica; capacitação dos técnicos de assistência técnica na temática de conservação do solo e água; e avaliação dos resultados.
Após esse período de efetiva implementação das ações, o programa Águas do Agro contemplará um projeto específico de monitoramento e avaliação das interferências realizadas nas microbacias, com o objetivo de proceder o acompanhamento, o controle, além de garantir o seu melhor desempenho.
A expectativa é que os resultados sejam observados não apenas no campo ambiental, como também no social e econômico com a adequação das propriedades rurais para o aumento a taxa de infiltração da água no solo e a melhoria da capacidade produtiva dos solos e da capacidade de suporte das pastagens.
Outros benefícios estimados são o aumento da vida útil dos reservatórios e barragens; aumento da fixação de carbono no solo; redução do assoreamento dos cursos d’água e represas; aumento nas disponibilidades hídricas nas bacias e melhoria da qualidade da água nas bacias hidrográficas; diminuição dos efeitos das secas e dos impactos das inundações; dedução dos custos de manutenção de estradas vicinais.
O programa Águas do Agro, no entanto, não se esgota em suas ações isoladamente. Mas, trata-se de um elo estratégico da Política Agrícola do Governo Federal, em total sinergia com outros programas e projetos já em execução, a exemplo do ABC+, Rural Sustentável, Paisagens Rurais, de Produção Integrada, ProIrriga e do Agronordeste.
Juntos, no curto e médio prazo, eles garantirão que o Brasil continue produzindo em maior quantidade, melhor qualidade e com maior sustentabilidade. O programa Águas do Agro tem abrangência nacional e sua execução é dividida em três fases de atuação: de curto prazo, primeiros dois anos; a médio prazo, quatro anos seguinte; e longo prazo, por 10 anos.
Com informações do Mapa