Agropecuária aumentou em 0,9% a oferta de empregos com carteira assinada em 2015, sendo o único setor a apresentar resultado positivo, conforme estudo do Instituto de Economia Agrícola, divulgado no último dia dois de janeiro. Foto: Divulgação
Mesmo com a queda nos postos de trabalhos formais, em decorrência da crise política e econômica brasileira nos últimos anos, a agropecuária aumentou em 0,9% a oferta de empregos com carteira assinada em 2015, sendo o único setor a apresentar resultado positivo no período. Esta foi a conclusão de um estudo do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, divulgado no dia dois de janeiro de 2017.
Segundo o pesquisador Carlos Eduardo Fredo, um dos responsáveis por este trabalho, a base do levantamento foi a Relação Anual de Informações Sociais (Rais) de 2015, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), em setembro de 2016. Dos 48,1 milhões de postos de trabalho criados em 2015, a agropecuária brasileira foi responsável pela geração de 1,5 milhão de vagas, aponta a Rais daquele ano.
Fredo ressalta que, enquanto os demais setores econômicos apresentaram queda de 2,9% na geração de empregos formais, a agropecuária paulista registrou aumento de 2,5% nos postos de trabalho com carteira assinada.
“São Paulo conta com 329 mil empregos agropecuários (base Rais 2015), o equivalente a quase 22% do total de empregos no segmento em todo o País”, calcula. “Se considerarmos as atividades da agroindústria (usinas, destilarias e processamentos de produtos animais e vegetais), esse número seria três vezes maior no Estado de São Paulo”, acrescenta Fredo, que realizou o estudo ao lado dos pesquisadores Celso Vegro (setor de café) e Rosana Pithon (pecuária), ambos do IEA.
A agropecuária gerou mais empregos com carteira assinada nas regiões paulistas de Sorocaba (18,9%), Campinas (18,3%) e São José do Rio Preto (9,2%).
DADOS DE SÃO PAULO
De acordo com Fredo, em 2015, as principais atividades econômicas do setor agropecuário paulista a contribuírem para a geração de empregos foram a cana-de-açúcar (21,3%), a laranja (14,3%), a criação de bovinos (13,8%), as atividades de apoio à agricultura (10,4%), a criação de aves (7,2%) e o cultivo de café (4,2%).
“Juntas, essas atividades representam mais de 71% dos empregos formais no setor”, calcula.
O pesquisador lembra que a oferta de postos de trabalho na agropecuária paulista estava em retração, há cerca de três anos, puxada pela cana-de-açúcar, setor que diminuiu suas contratações em decorrência da colheita mecanizada, e apresentou queda de 3,3% entre 2014 e 2015.
“Em 2015, acreditávamos em tendência de queda de empregos formais, mas o cultivo de laranja, com expressivo aumento de empregos na região de Sorocaba, levantou o setor”, afirma o especialista.
CITRICULTURA EM SP
Segundo Fredo, em São Paulo, enquanto a atividade de cana-de-açúcar perdeu 2.356 postos de trabalho formais, a citricultura aumentou a oferta em 3.258 vagas e as atividades de apoio à agropecuária (serviços terceirizados relacionados ao plantio, à preparação de terreno e à irrigação, bem como outros trabalhos na propriedade) abriram 4.161 novas vagas.
Conforme o estudo, a criação paulista de bovinos de corte e leite registrou pouca variação entre 2014 e 2015. “A falta de mão de obra tem sido um dos problemas da pecuária leiteira, que demanda trabalho diário (inclusive fim de semana), sofre concorrência com outros setores e enfrenta dificuldades de contratação”, explica.
“A falta de mão de obra tem sido um dos problemas da pecuária leiteira, que demanda trabalho diário (inclusive fim de semana), sofre concorrência com outros setores e enfrenta dificuldades de contratação”, explica o pesquisador Carlos Eduardo Fredo, do Instituto de Economia Agrícola (IEA). Foto: Divulgação
CARNE BOVINA E DE FRANGO
Quanto à carne bovina, a queda de consumo ocasionada pela crise econômica, levou à migração para a carne de frango e, em consequência, à estabilidade na oferta de empregos nesse segmento.
“A criação de aves (corte e postura) apresentou crescimento de 4,6%, em 2015, comparado ao ano anterior, o que pode ser explicado, em parte, pela crise econômica que estimulou o aumento do consumo de carne de aves e ovos, resultando em uma maior geração de empregos”, analisa.
Fedro acrescenta que a ocorrência de influenza aviária, em 2015, no sudeste asiático e nos Estados Unidos, contribuiu para aumentar as exportações brasileiras e, em decorrência, para ampliar o número de empregos na avicultura.
A íntegra do estudo está disponível para consulta no site do IEA.
Por equipe SNA/SP