“Como foi definido pelo Financial Times, o crescimento brasileiro é um ‘voo de galinha’, sempre curto e seguido de aterrissagem forçada”, comenta o professor da UFRJ Ney Roberto Ottoni de Brito. Foto: Divulgação
“Como foi definido pelo Financial Times, o crescimento brasileiro é um ‘voo de galinha’, sempre curto e seguido de aterrissagem forçada”, comenta o professor da UFRJ Ney Roberto Ottoni de Brito. Foto: Divulgação
A expansão da economia brasileira tem se mostrado equivocada, sem conseguir manter uma elevação superior a 3,5%, estimativa do potencial nacional por um período superior a cinco anos, desde a retomada das eleições diretas, em 1989. A avaliação é de Ney Roberto Ottoni de Brito, professor titular da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), PhD em Economia Financeira pela Stanford University, e ex-editor associado do Journal of Banking and Finance e Research Associate, da Columbia University (EUA).
“Como foi definido pelo Financial Times, o crescimento brasileiro é um ‘voo de galinha’, sempre curto e seguido de aterrissagem forçada.”
Neste cenário, ele destaca a queda do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, de modo geral: no terceiro trimestre de 2015 houve redução de 1,7%, no comparativo com o segundo; e de 4,5%, em relação a igual período de 2014.
“O PIB do agribusiness (agronegócio) caiu 2,4% no terceiro trimestre sobre o segundo, ou seja, a queda do Produto Interno Bruto também afeta o agronegócio, que sofre com a difícil conjuntura interna e com a queda dos preços de commodities no mercado externo”, destaca o professor.
Em sua opinião, “um colapso na capacidade de rolar a dívida interna estará associado a uma grande elevação de taxas de juros, gerando impacto direto sobre todas as atividades e sobre o PIB nacional. E o agronegócio vai entrar no arrastão”.
DÓLAR
Brito lembra que, em janeiro deste ano, o dólar estava em R$ 3,856 e, em 14 de dezembro passado, em R$ 3,876, ou seja, sofreu apenas uma pequena variação no corrente mês. “Os preços das commodities medidos pelo CRB (índice internacional calculado pelo Commodity Research Bureau), no mesmo período do corrente mês, variaram de R$ 184,91 para R$ 174,77, uma queda de um pouco mais de 5% no mesmo período.”
Em 31 de dezembro de 2014, o dólar estava em R$ 2,657 e o CRB em R$ 230,52. “Com isto, o dólar se valorizou 46% no ano e os preços de commodities caíram 24%.” Isto significa que, no ano, “a queda de preços internacionais foi compensada pela alta do dólar e as commodities tiveram um ganho de aproximadamente 22%, mas no curto prazo este ganho já se dissipou”.
Para Brito, é “bem verdade que a maior parte da queda de preços do CRB está associada à queda dos preços do petróleo e os ganhos do setor agropecuário foram bem maiores. Mas de qualquer modo, no momento, o setor não pode contar com o dólar para aliviar a pressão”.
Por equipe SNA/RJ