Para aproveitar melhor o amido presente na silagem de milho, os grãos precisam ser quebrados em pequenas partículas
Para um melhor aproveitamento do amido presente na silagem de milho, os grãos de milho necessitam ser quebrados em pequenas partículas. No passado acreditava-se que uso eficiente do amido ocorria quando os grãos estavam parcialmente quebrados.
Contudo, atualmente sabe-se que o pericarpo, a camada fibrosa que recobre o grão, dificulta o acesso dos microrganismos ruminais ao amido e quanto melhor processado o grão maior será a exposição do amido e consequentemente sua digestibilidade. Portanto conhecer o grau de processamento ou seja, o quanto a ensilagem foi capaz de expor o amido torna-se importante para otimizar o desempenho animal.
Como avaliar o processamento de grãos durante a colheita?
O momento mais adequado para avaliar o processamento de grãos é durante a colheita, onde ajustes são passíveis de ser realizados em tempo. No entanto, pode ser difícil avaliar a fração do grão quando a mesma está misturada com a fração fibrosa da planta (folhas, sabugo e colmo). A técnica de separação por água foi desenvolvida para ser aplicada de forma fácil no campo para separar a fração de grãos da fibra (Savoie et al., 2004). Esta técnica leva em consideração a diferença da flutuabilidade entre os grãos e a fração fibrosa. Quando se coloca a amostra em uma bacia com água, a fração fibrosa flutua e os grãos afundam. O método é muito simples, requer apenas uma bacia com água e é de fácil aplicação no campo. Os passos do procedimento são descritos abaixo:
Passo 1: É necessário um recipiente (bacia ou balde) para que se coloque a água. A recomendação é encher até ¾ do volume do recipiente.
Passo 2: Coletar duas ou três mãos-cheias do material que foi colido e coloca-lo sobre a água.
Passo 5: A água estará um pouco turva e os grãos serão difíceis de serem visualizados, mas eles estarão no fundo do recipiente. Logo, para ver os grãos drene cuidadosamente a água do recipiente. Embora não seja necessário, a água pode ser drenada através de uma peneira para capturar um pequena fração de grãos que flutuaram.
O método funciona bem durante a colheita e pode até mesmo ser usado para avaliar a silagem, contudo a avaliação pós-armazenamento tem menos valor, pois as opções para corrigir deficiências de processamento são limitadas. Caso o teor de matéria seca da planta de milho no momento da colheita ou da silagem de milho seja baixo (<30%) a separação em água é dificultada. Para melhorar a separação, segue abaixo algumas recomendações:
Quando a cultura está com baixo teor de matéria seca, folhas verdes escuras irão afundar juntamente com os grãos. Estas folhas podem ser separadas manualmente após o Passo 5. Outra alternativa é secar parcialmente a amostra antes da separação.
Isto pode ser feito de várias maneiras. 1) Secar por dois minutos em um forno micro-ondas. 2) O material pode ser espalhado sobre uma lona de plástico preto e colocadas sob o sol por um hora ou mais para secá-lo suficientemente para ajudar a separar folhas verdes.
O material ensilado, especialmente se ensilado com alta umidade, não irá separar bem. Uma secagem completa da amostra numa estufa irá promover uma melhor separação.
Se, após a drenagem da água presente no recipiente (Passo 5 acima) houver muita palha misturada aos grãos, adicione um pouco de água novamente para ao recipiente, agite o conteúdo e rapidamente drene a água. Esta segunda separação ajuda a remover o restante da fração fibrosa.
O método de separação em água é mais indicado para o momento da colheita, pois possíveis ajustes podem ser realizados. Sua aplicação na silagem já confeccionada é limitada, pois já não existe a possibilidade manipulação no processo. Além disso, silagens e principalmente mais úmidas são difíceis de serem separadas em água. Como descrito acima necessitam de secagem prévia e em alguns casos a repetição do procedimento.
Gustavo Salvati é zootecnista e doutorando da Esalq-USP