Campo Grande (MS) – Sonho de décadas para integrar os quatro países (Brasil, Paraguai, Argentina e Chile) e encurtar o caminho percorrido rumo ao mercado asiático, a rota bioceânica deve entrar em operação em 2024 e tem atraído cada vez mais interesse internacional.
Nesta sexta-feira (14.2), pela manhã, o governador Reinaldo Azambuja recebeu embaixadores membros da Associação das Nações do Sudeste Asiático (Asean) – bloco econômico integrado por Brunei, Camboja, Singapura, Filipinas, Indonésia, Laos, Malásia, Mianmar, Tailândia e Vietnã.
No período da tarde, os embaixadores participaram da I Reunião Embaixadores do Asean – Mato Grosso do Sul, na Casa da Indústria, na Capital, onde receberam informações sobre rota bioceânica, a produção e as oportunidades de investimento e relações comerciais com Mato Grosso do Sul.
Apesar de já serem parceiros comerciais do Estado, os países do sudeste da Ásia têm condição de ampliar as relações comerciais do Estado, na avaliação do governador Reinaldo Azambuja.
“São parceiros, mas a parceria ainda está muito aquém da capacidade que temos de ampliar negócio. Temos condição de vender muito mais. Mato Grosso do Sul é um dos grandes exportadores do Brasil, então, o objetivo de trazer esses embaixadores do sudeste asiático é conhecer a produção sul-mato-grossense, a escala industrial, principalmente a qualidade dos nossos produtos. Nós temos produtos industrializados da melhor qualidade, com sanidade, com controle, sem agredir o meio ambiente”, afirmou o governador.
Ele destacou ainda que com a redução de 17 dias para o trânsito de mercadorias rumo ao mercado asiático significa um frete menor e maior competitividade para os produtos sul-mato-grossenses.
Obras aceleradas
Segundo o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar, Jaime Verruck, as obras da rota bioceânica seguem em ritmo acelerado. A principal delas é a ponte sobre o rio Paraguai.
“Nós vamos inaugurar a ponte em novembro de 2023. Estamos abrindo no dia 29 de março os envelopes da empresa contratada para fazer o projeto da ponte. As obras no Paraguai avançam muito rapidamente. Então, todo o projeto, toda a questão de alfândega, toda discussão, é que no início de 2024 a rota já comece a exportar produtos para o Chile e consequentemente para países asiáticos. Nós temos monitorado muito fortemente esse cronograma, junto com o Ministério das Relações Exteriores e com Paraguai, Argentina e Chile. Acreditamos que a rota é uma realidade, os investimentos estão ocorrendo e, por isso, nós precisamos rapidamente ver que produto é competitivo para assim que ela for inaugurada ter fluxo de produtos e pessoas”, declarou Verruck.
Mercado consumidor
Juntos, os dez países da Asean possuem população superior a 700 milhões de habitantes – de três a quatro vezes a quantidade de habitantes do Brasil, daí a necessidade grande de aquisição de alimentos, em especial proteína animal como frango, suíno e piscicultura. Existe também a possibilidade de investimentos como concessões de rodovia, ferrovia e hidrovia, entre outros.
Participaram também da reunião na Casa da Indústria: o presidente da Federação das Indústrias de Mato Grosso do Sul, Sérgio Longen; presidente da Federação da Agricultura e Pecuária (Famasul), Maurício Saito; senador Nelsinho Trad, presidente da Comissão de Relações Exteriores; do ministro de carreira diplomática João Carlos Parkinson; dos embaixadores brasileiros Maria Izabel Vieira, Adalnio Senna Ganem e Marcos Arbizu e de embaixadores asiáticos.
Potencial da Indústria
Apresentado pela Fiems, o potencial da indústria de Mato Grosso do Sul despertou a atenção dos embaixadores da Asean. Representantes do Myanmar, Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Cingapura e Vietnã vieram em busca de informações sobre a Rota Bioceânica, a ser viabilizada com a construção de uma ponte sobre o Rio Paraguai que ligará o Brasil, via município de Porto Murtinho, no sul do Estado, aos portos do Chile, facilitando o acesso local ao mercado asiático.
Na reunião, foi definido que a Fiems será o ponto focal da interlocução entre os empresários sul-mato-grossenses e potenciais investidores do bloco e que, após este contato inicial, haverá um estreitamento das relações entre a iniciativa privada. O presidente da Fiems, Sérgio Longen, também comentou que as operações comerciais entre a indústria de Mato Grosso do Sul e os sete países do bloco econômico ainda são tímidas – o Estado exportou US$ 287,7 milhões e importou US$ 36,3 milhões em 2019, segundo levantamento do Radar Industrial da Fiems –, mas apostou que, com o novo corredor bioceânico, a movimentação alcance US$ 1,5 bilhão por ano.
Novos horizontes
“Com a Rota Bioceânica Mato Grosso do Sul vai superar um dos maiores gargalos logísticos, que vai assegurar um expressivo ganho de competitividade para os produtos sul-mato-grossenses, encurtando em 7 mil quilômetros, a partir de Campo Grande, o acesso ao mercado asiático, o que representa duas semanas a menos no tempo de viagem”, declarou Sérgio Longen. Sobre os números da integração entre o Estado e os países asiáticos, ele enxerga horizontes de oportunidades para todos os lados, tanto exportando nossos produtos, quanto importando os produtos do sudeste asiático. “Fica muito contente de, pela primeira vez, termos a oportunidade de sentarmos juntos e temos todo interesse em fortalecer as relações comerciais com os países que vocês representam”, reforçou.
Enquanto presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, o senador Nelson Trad viabilizou a vinda dos representantes asiáticos. “Estes representantes de sete países vieram conhecer in loco o potencial de Mato Grosso do Sul. A bancada federal do nosso Estado está comprometida em levantar, via emenda, os recursos da União para viabilizar a conclusão da rodovia que vai ligar Porto Murtinho à ponte sobre o Rio Paraguai”, assegurou.
Oportunidades
Atual presidente do bloco econômico, o embaixador do Myanmar, Myo Tint, salientou que os países estão alinhados para, juntos, iniciarem negócios com Mato Grosso do Sul. “A intenção é que todos os países e não somente Myanmar consiga exportar e importar com Mato Grosso do Sul”, ressaltou. Embaixador da Indonésia, Edi Yusup falou da localização estratégica do Estado. “Já vimos que Mato Grosso do Sul é um estado bonito, e por ser próximo do Paraguai está na porta de entrada do Mercosul, o que facilita bastante em termos logísticos”, analisou.
Texto: Paulo Fernandes – Subcom
Fotos: Chico Ribeiro / Subcom e Fiems